A repórter da Rádio Alto Piranhas e Pelé

Uma conhecida jornalista sertaneja sempre alimentou o sonho de ver Pelé ao vivo e a cores. Sonhava de olhos abertos com a ocasião em que pudesse pegar nem que fosse num pouco do suor do Rei e, claro, guardá-lo numa caixinha bem perto do coração.

Até que a oportunidade surgiu.

A festa de inauguração do Estádio “Romeirão”, em Juazeiro do Norte, ia ser abrilhantada exatamente pelo Santos de Pelé, que jogaria contra um selecionado local. A equipe da Rádio Alto Piranhas de Cajazeiras, sob o comando de Zeilton Trajano, preparou-se para cobrir as festividades e foi aí que a fulana, ainda novata no ramo, implorou para Zeilton levá-la, nem que fosse como gandula dos narradores.

De tanto insistir, conseguiu um emprego provisório de repórter de pista.

Mas o que ela queria mesmo era ver Pelé. E tanto queria que, aproveitando um descuido dos seguranças, entrou para os vestiários do Santos. Lá de dentro, no meio de um monte de homens nus, aproximou-se do Rei, convocou Zeilton e avisou que estava entrevistando Pelé. Zeilton, entusiasmado com o furo, fez a chamada no ar:

“Minha gente, agora vamos entrevistar, através da nossa repórter, o Rei Edson Arantes do Nascimento, o Pelé! Vai daí companheira.”

Ela, com o microfone numa mão e na outra aquele enorme gravador General Elétric, inchou a veia do pescoço, empostou a voz, fez sotaque de carioca e, achando-se pronta para a missão, peitou o Rei, sem disfarçar o olhar pidão:

“E aí, negão, qual o tipo de mulher qui tu curte?”

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