GAUDÊNCIO TORQUATO
João Izidro, casado com Chiquinha, tia de Otacílio Cartaxo, secretário da Receita Federal, pai do amigo Carlos Alberto e do psiquiatra-escritor, Luis Carlos, era pediatra, clínico geral e sábio. Atendia famílias de todos os recantos dos fundões da Paraíba. Sua clientela incluía Luís Gomes, cidade do RN na fronteira com a PB, onde este escriba nasceu e de onde, do alto da serra, contemplava Uiraúna, terra de Luiza Erundina e do primo Zé Neumanne. João Izidro foi o médico de minha família e era padrinho de Boanerges, um dos meus irmãos.
Um dia, em Cajazeiras, sua cidade, atendeu a uma velhinha que se queixava de “incômodo em todo o corpo”. Fez as perguntas tradicionais:
– A senhora tosse?
– Às vezes, sim, às vezes, não.
– A senhora tem dor de cabeça?
– Às vezes, sim, às vezes, não.
– A senhora sente febre?
– Às vezes, sim, às vezes, não.
Paciente, o médico botou os óculos e escreveu a receita:
– Pegue a receita, minha senhora. Pode ir, a senhora vai melhorar.
A velhinha pegou a receita e tascou a pergunta:
– Doutor, e esse remédio, hein, como é que eu tomo?
A resposta do João veio no mesmo tom da voz da velhinha:
– Tome o remédio às vezes, sim, às vezes, não.
GAUDÊNCIO TORQUATO É JORNALISTA