[1999] Cajazeiras sofre com a falta d’água; Cagepa anuncia melhorias no abastecimento

Cenas de mais de três décadas atrás são vistas hoje, nas ruas de Cajazeiras. São carroças puxadas à burro e carros com água para ser vendida, principalmente aos moradores dos bairros periféricos, numa demonstração clara do drama e sofrimento, que vive a população, em termos de abastecimento d’água. Essa situação vem se arrastando há muito tempo, sem que as autoridades competentes apresentem uma solução definitiva para o problema, que lamentavelmente, tem servido de bandeira par os políticos, nas campanhas eleitorais.

A situação tem se agravado a cada dia, pois a água não tem conseguido chegar normalmente, em alguns bairros da periferia, localizados nas partes mais altas da cidade, levando os moradores ao desespero. Em muitos locais, falta água durante 15 dias,e a população é obrigada a comprar o precioso líquido, distante de suas residências, para atender às necessidades da família. E o pior: os papéis com as contas da água não consumida chegam religiosamente, todos os meses, muitas vezes, com os valores elevados, provocando revolta nos consumidores, que são obrigados a pagar pelo ar que sai das torneiras.

Esse quadro de constantes colapsos no abastecimento d’água de Cajazeiras, tem motivado fortes críticas por parte da população, ao trabalho do escritório regional da Cagepa, recém-instalado na cidade. A população critica os péssimos serviços prestados pela Cagepa e quer que a empresa apresente um plano alternativo de abastecimento, pelo menos, para minimizar o sofrimento com as interrupções que vêm acontecendo com maior intensidade, nesta época do ano, quando se registra uma elevação do consumo d’água.

A população também tem reclamado da omissão dos políticos, principalmente do chefe do executivo municipal e da Câmara de vereadores, que não têm sequer, levantado a voz para cobrar ações rápidas e mais concretas do governo do Estado, para solucionar o grave problema. Até o momento, somente os Clubes de serviço e entidades representativas da sociedade, liderados pelo Rotary Club, se movimentaram, no sentido de mobilizar a comunidade para exigir providências do governo do Estado. O movimento, no entanto, ainda não conseguiu ganhar força e organização para pressionar as autoridades.

Enquanto a população sofre com a falta d’água, A Cagepa anuncia melhorias no abastecimento. O gerente regional do escritório da empresa em Cajazeiras, engenheiro Leonardo Soares, diz que a falta d’água está com seus dias contados. Ele explicou que as constantes interrupções no abastecimento acontecem porque o sistema é antigo e a cidade cresceu muito, nos últimos anos. Em virtude dessa realidade, é que o governo decidiu ampliar todo o sistema, informou o dirigente da Cagepa, assegurando que a conclusão das obras de ampliação, prevista para o final de janeiro ou início de fevereiro, normalizará totalmente a situação.

O engenheiro Leonardo Soares disse que o governo do Estado, há um ano, iniciou as obras que visam garantir a normalidade do abastecimento d’água, em Cajazeiras. Ele disse que a construção do reservatório elevado, em cima do morro do Cristo Redentor está bastante adiantada. “Os serviços estão rápidos, e para se ter uma idéia, as paredes de concreto estão subindo mais de um metro por semana”, afirmou o engenheiro, assegurando que o novo reservatório, no morro do Cristo, vai proporcionar um maior acúmulo de água bombeada do açude de Engenheiro Avidos, que abastece a cidade de Cajazeiras.

Sobre a duplicação da Estação de Tratamento, que está sendo feita em Engenheiro Avidos, o Dr. Leonardo Soares assegurou que as obras estão em fase de conclusão. Ele informou que algumas etapas importantes da obra já foram concluídas, a exemplo da instalação de três novos motores para o sistema de bombeamento da água em uma adutora. “Com a conclusão de todas as obras, a Cagepa terá condições técnicas de atender Cajazeiras, nem a necessidade de se fazer manobras no abastecimento, para beneficiar as partes mais altas da cidade, em detrimento de outras”, disse o engenheiro Leonardo, adiantando que, enquanto isso, a empresa continuará utilizando o critério da alternância para socorrer a população mais afetada pela falta d’água.

GAZETA DO ALTO PIRANHAS – ANO I – Nº 1 – 01 A 09/01/1999

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