Dois pequenos tremores de terra foram registrados em Cajazeiras nos últimos 35 anos

Os registros de tremores de terra na Paraíba têm aumentado desde o fim do ano passado. De novembro a abril foram notadas oito novas movimentações nas terras paraibanas, todas elas com magnitude inferior a 2. No início do mês de abri a notícia de dois destes tremores na Paraíba chamou a atenção do estado e despertou a curiosidade da população, que acusa não ter sentido a ocorrência do evento.

Um tanto quanto incomum, o episódio foi registrado no Agreste paraibano pela Estação Sismológica da cidade de Livramento, operada pelo Laboratório de Sismologia da UFRN (LabSis). Segundo o sismólogo Eduardo Meneses, do LabSis, no entanto, não há motivos para que a população paraibana se preocupe. De acordo ele, a magnitude dos tremores que acontecem no estado são baixas, imperceptíveis e não representam perigos à população.

De janeiro a março deste ano, a terra dos municípios de Sousa, Pedras do Fogo e Cajá também tremeu. Nestas cidades a magnitude foi de 1,5 e 1,8 grau, respectivamente. Os eventos do início do mês também seguem esta característica e têm baixa magnitude. O primeiro dos tremores, registrado às 13h59, teve magnitude 1,5 e foi seguido de outro, às 14h07, com baixa de 0,1 na intensidade.

O LabSis faz parte da Rede Sismográfica Brasileira, é operado pelo Departamento de Geofísica da UFRN e reforça que a intenção dos monitoramentos das estações sismográficas nordestinas é auxiliar na tomada de decisões de autoridades públicas, quando necessário.

O sismólogo Eduardo Meneses diz que “os maiores tremores que temos conhecimento ocorreram em Pacajus, no Ceará, em 1980 com magnitude 5.3, e em João Câmara no Rio Grande do Norte, sendo em 1986 5.1 e 5.0. Para essas magnitudes os efeitos sao bem observados, onde as estruturas das casas e prédios apresentam bastantes rachaduras, trincas e até deslocamento de objetos e telhas”.

Eduardo Meneses acrescenta que este tipo de tremores mais fortes no Nordeste “não são frequentes, estima-se uma recorrência a cada 20 ou até 30 anos, mas são dados estatísticos. Tremores de terra não sao previsíveis, nem a sua magnitude ou mesmo o local e hora onde esses possam ocorrer.” Ele acrescenta: “Aqui no Nordeste, tremores menores são frequentes, mas em sua maioria não provocam danos, apenas sustos nas pessoas.”

Em João Pessoa, o estudante Guilherme Nascimento, que mora na cidade há 3 anos, relata que nunca sentiu qualquer tremor, tampouco o do último dia 5 de abril, que ocorreu entre Campina Grande e Puxinanã.

“Aqui na Paraíba eu não senti nada. Na verdade, o único terremoto que percebi foi o de João Câmara (Rio Grande do Norte)”, o doutorando em Geometria se refere ao episódio em que a cidade de João Câmara, no Rio Grande do Norte, registrou novas movimentações em 2018, 32 anos após uma série de tremores atingir a cidade nos anos Nesta época, ao contrário de 2018, um dos terremotos alcançou magnitude 5,1 e destruiu grande parte da cidade, localizada sobre a Falha da Samambaia (região onde se encontra a maior falha geológica do Brasil).

Aumento natural

No último bimestre de 2020, o LabSis registrou aumento natural na frequência de tremores na Paraíba. Eduardo Meneses frisou que entre novembro e dezembro ocorreram 5 movimentações com magnitude média de 1,56 graus na Escala Richter.

Os tremores de terra são causados pelo abalo do solo devido à movimentação de sua camada rochosa; as placas tectônicas. Quando estas placas se movem, acontece um processo gradual de choque e deformação nas rochas que, ao atingirem resistência máxima, se rompem e liberam a energia responsável pela vibração que gera os tremores na superfície do solo.

Não há perigo

Pelo baixo risco de sofrer com desastres naturais, o Brasil não é apontado como expoente de terremotos. Estes eventos demonstram, no entanto, que, no Brasil, há sim terremotos, mas não com o potencial destrutivo de outros acontecimentos ao redor do mundo.

Eduardo Meneses explica que magnitude média dos tremores que acontecem na Paraíba, por exemplo, é de 1,5 grau na Escala Richter. E, no mesmo dia da ocorrência, foram registrados tremores semelhantes em Sergipe também; além de terremotos significativos ao redor do mundo com magnitude entre 3 e 6 graus.

Neste caso, o que diferencia um tremor de um terremoto é, justamente, o resultado do abalo causado no solo durante os poucos minutos, geralmente 1 ou 2, em que o mesmo acontece, aumentando sua classificação na Escala Richter.

Registros de tremores na PB nos últimos 50 anos
(COM BASE NOS RELATÓRIOS DA RSBR)

1970 • Alagoinha (mag. 3,9)
1986 • Cajazeiras (mag. 2,0)
1986 • Cajazeiras (mag. 0,66)
1990 • B. Santa Rosa (mag. 2,6)
1993 • Várzea (mag. 2,4)
1999 • Uiraúna (mag. 2,2)
2006 • Itabaiana (mag. 2,6)

COM INFORMAÇÕES DO JORNAL A UNIÃO

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