Representantes de alunos, professores e técnicos repudiam nomeação para UFCG de reitor não eleito

As entidades representativas dos estudantes, professores e servidores técnico-administrativos da Universidade Federal de Campina Grande UFCG), divulgaram nota de repúdio à decisão do presidente Jair Bolsonaro de nomear o terceiro lugar na eleição para reitor da instituição. A nota diz que foi desrespeitada e ignorada a vontade da maioria da comunidade universitária da UFCG. Na consulta eleitoral e na lista tríplice do Colegiado pleno da instituição foram reeleitos como reitor e vice-reitor os professores Vicemário Simões e Camilo Farias.

Entretanto, a edição de terça-feira (23) do Diário Oficial da União publicou a nomeação do professor Antônio Fernandes. De acordo com a nota das entidades da UFCG, a iniciativa do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Educação, Milton Ribeiro, confirma mais um golpe contra a democracia e a autonomia universitária. A nota diz ainda que o atual governo segue uma sequência de mais 20 intervenções autoritárias em universidades e institutos federais.

O texto da nota acrescenta: “Mesmo com as críticas públicas aos critérios antidemocráticos adotados na consulta eleitoral, que incluiu pesos diferenciados para os segmentos e a contagem e validação dos votos, com base no universo de votantes e não no universo de votos válidos, as entidades entendem que o resultado do pleito deve ser respeitado, seguindo o direito da autonomia universitária, e servir para nortear a nomeação do reitor e vice-reitor da UFCG”.

Produção da ciência e do conhecimento

No entendimento das entidades representativas dos segmentos da UFCG, a existência da autonomia universitária é tão importante que foi colocada na Constituição Federal, em seu artigo nº 207, como um direito fundamental para o funcionamento das universidades e instituições federais de ensino. É ela quem garante a livre e plural produção da ciência e do conhecimento a serviço da sociedade, independente de governos e de gestores e deve também servir de princípio para a escolha dos dirigentes universitários.

O texto da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Campina Grande; Diretório Central dos Estudantes da UFCG; Associação dos Docentes do Campus de Patos; Associação dos Docentes do Campus de Cajazeiras, afirma que, “diante disso, as entidades
representativas dos estudantes, técnico-administrativos e professores da UFCG reafirmam seu compromisso e disposição de luta em defesa da democracia e da autonomia universitária”.

Também em nota, o Sindicato dos Professores da Universidade Federal da Paraíba (Adufpb) também repudiou “a política de desrespeito à autonomia e à democracia nas universidades públicas no Brasil, mais uma vez aplicada pelo governo Bolsonaro”. Para a entidade, a nomeação expressa grave intervenção no processo de escolha dos dirigentes das universidades e se soma às demais já realizadas em âmbito nacional.

A diretoria da Adufpb repudiou a decisão do Governo Federal e declarou “solidariedade à comunidade acadêmica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Essa afronta à autonomia universitária é também uma afronta à Constituição em vigor e evidencia o propósito do governo de confrontar, explicitamente, princípios basilares que regem as instituições de Ensino Superior”, acrescenta a nota.

Novo reitor agradece a comunidade acadêmica 

As primeiras palavras do novo reitor foram de agradecimento pelo apoio que tem recebido da comunidade acadêmica da UFCG e também dos sertanejos. Antônio Fernandes detalhou como recebeu na notícia da nomeação para o cargo de reitor da Instituição.

De acordo com Fernandes, logo nas primeira horas do dia foi surpreendido por diversas mensagens no celular, já com as felicitações da nomeação para o novo cargo. “Foi um grande surpresa, eu esperava a nomeação do professor Vicemário Simões, no entanto, por conta da lista tríplice tinha a possibilidade de tanto meu nome como o do professor Kennedy ser um dos escolhidos”, ressaltou.

Empenho pela construção do Hospital Universitário do Sertão

Antônio Fernandes falou das críticas quem tem recebido, por parte de colegas da própria instituição de ensino, por ser o escolhido do presidente Jair Bolsonaro, da lista tríplice. Uma das prioridades do seu mandato será a construção do Hospital Universitário do Sertão, no município de Cajazeiras.

Sobre as críticas quem tem recebido devido a nomeação, Fernandes pontuou que a divergência de opiniões faz parte da gênese do ambiente universitário e que encara com naturalidade. “A universidade é plural nós aceitamos as críticas e sugestões e isso torna a universidade mais forte”, frisou.

O novo gestor afirmou, durante a entrevista à TV Diário do Sertão, que todos os candidatos ao cargo de reitor entraram em contato com ele, inclusive o ex-reitor Vicemário Simões, sinalizando uma transição tranquila do cargo.

Como principal característica da nova gestão, o reitor citou a descentralização das ações administrativa da UFCG. “Queremos uma universidade inclusiva, descentralizada, inovadora, forte para torná-la ainda mais gigante que responda as demandas da sociedade e que oportunize uma formação adequada e de qualidade aos nosso estudantes”, detalhou.

Sobre o Hospital Universitário do Sertão (HUS), desde 2007, quando a universidade implantou o curso de medicina no Campi de Cajazeiras, Antônio Fernandes afirmou que iniciou a luta para levar um hospital universitário para região sertaneja. O novo reitor detalhou que já existe uma estrutura hospital, que é o Hospital Universitário Júlio Bandeira, mas que para ofertar novos cursos na área da saúde é necessário um HU compatível com a formação acadêmica dos estudantes. “Já estamos dialogando com o presidente de Ebserh, o general Osvaldo, junto a bancada federal paraibana também, inclusive temos uma reunião marcada para a próxima semana, para verificar o que é possível fazer”, explicou.

Além da construção de um novo hospital, Fernandes deixou claro que continuaram os esforços para manter e melhorar a estrutura e o atendimento dos hospitais universitários de Campina Grande e Patos. “Todos as estruturas não só hospitalares, mas todos órgãos que fazem parte da universidade e os que estão a disposição da universidade daremos todo o apoio”, frisou

Nomeação e posse

O professor e doutor Antônio Fernandes Filho foi nomeado na última segunda-feira (22), e o decreto com a nomeação foi publicado no nessa terça-feira (23), no Diário Oficial da União (DOU).

A posse no Ministério da Educação em Brasília será nessa quinta-feira (25); em seguida será marcada a data de posse em Campina Grande, que deve ocorrer, após a transição do cargo.

O novo reitor

Antônio Fernandes é formado em Farmácia com habilitação em Análises Clínicas pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), especialista em Patologia Clínica pela UMC/UNIFESP, Escola Paulista de Medicina, e doutor em Farmácia pela Universidade de São Paulo (USP).

Ele é professor associado IV na Unidade Acadêmica de Enfermagem do Centro de Formação de Professores (CFP), campus Cajazeiras, onde já exerceu as coordenações dos cursos de Medicina e de Enfermagem, do Laboratório de Microbiologia e de Pesquisa e Extensão da UAENF. Já foi diretor do Hospital Regional de Cajazeiras (HRC) e membro do Conselho Deliberativo do Hospital Universitário Júlio Bandeira (HUJB). Atualmente, é diretor do Centro de Formação de Professores (CFP), campus Cajazeiras, em seu segundo mandato.

COM INFORMAÇÕES DE A UNIÃO E DO DIÁRIO DO SERTÃO

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