Voltamos à era da barbárie?

Não faz muito tempo assistimos, horrorizados, um cidadão ser executado numa câmara de gás por autoridades policiais. Homens são mortos nas favelas do Rio e de São Paulo, vítimas de operações da polícia. Agora fomos impactados com a notícia do assassinato e esquartejamento de um indigenista e de um jornalista estrangeiro, por terem se dedicado à defesa da Amazônia e dos índios. O que está acontecendo em nosso país? Perdemos a noção de civilidade e voltamos à era da barbárie?

E o pior, há quem encare tudo isso de forma debochada, numa explícita manifestação de sadismo e de crueldade. Verifica-se um processo de desumanização que assusta. Torturadores são homenageados pela maior autoridade do país. Deflagra-se uma campanha armamentista, insuflando a guerra civil.

Quando e como acordaremos desse pesadelo? Ao imaginarmos que chegamos ao fundo poço, novos acontecimentos de brutalidade nos advertem de que ele não tem fim. Parte da nossa sociedade está contaminada por um instinto primitivo que banaliza a morte, numa impiedosa ausência de compaixão mínima com a dor alheia. O Brasil alcançando a regressão civilizatória. Estamos numa terra sem lei, onde tudo pode com a aquiescência dos poderosos de plantão? Como permitimos ver nosso país ser arrastado para tão baixo?

Já passou do tempo em que se faz necessário dar um basta nisso tudo. O mais preocupante é que já não mais nos surpreendemos com esse festival de incivilidades praticadas com carimbo oficial do governo. Virou “coisa normal”.

Somos diariamente ameaçados de uma recaída autoritária. O golpismo é defendido sem o menor constrangimento. É um momento crucial da nossa História. Como se não bastassem esses atos frequentes de selvageria e de ataques à Constituição e à democracia, o desemprego e a fome se integraram na vida de milhões de brasileiros. Instala-se a política do medo patrocinada pelo Estado, explorando nossos temores. Compactuar com essa situação é atitude impatriótica de covardia. A esperança precisa vencer o medo. Novamente.

Não devemos ter medo da política, devemos, sim, reagir à política do medo. Perdemos a liberdade quando agimos por medo. Então nos restam duas alternativas: ter medo ou ter coragem. O medo não pode fazer com que abdiquemos de uma ação libertadora. Façamos valer o direito à resistência. Coloquemos um fim nessa era da barbárie.

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