Tempo de amor, ódio, paixão e traição

Quem se aventurasse a escrever um livro sobre a História Política de Cajazeiras abordando apenas as traições que envolveram e envolvem o dia a dia da política local, não teria dificuldades em encontrar fontes. Ao longo dos últimos quarenta anos tem um vasto material produzido pelas principais lideranças, que nestas décadas, poucas mudanças foram efetivadas ou quase nada de novo surgiu no cenário político da cidade.

E a nossa história está recheada de traições, que é considerada a mais cruel perfídia humana. Vale ressaltar que política e traição andam de braços dados e são tantas as que acontecem neste cenário, que trair deixou de ser vergonhoso. Trai-se igual a Judas: com um beijo.

Diz um velho amigo meu, observador atento dos fatos políticos de nossa Cajazeiras, que se você quer saber até que grau de fidelidade, humildade e confiança um homem pode ter lhe dê o poder ou a perspectiva dele.

Esta é a mais pura verdade, cristalina, vigorosa. Os homens mudam da água para o vinho quando ascendem ao poder e chegam a ficar irreconhecíveis.

O jogo político quando envolve falta de caráter, negociatas e interesses inconfessáveis é uma seara bem adubada para a traição. Quem confia na palavra de um político? Quem acredita em suas promessas? Quem acredita em acordos para serem cumpridos “nas próximas eleições”? Qual foi dos nossos políticos que não pensou em trair e foi traído? Estas indagações eu ouvi centenas vezes na minha caminhada em busca de votos.

Mas precisamos ressaltar que no meio deste turbilhão de traições, decidias e embates, que a composição de nosso grupo político foi essencialmente baseada em princípios éticos e com defesa de ideais e de postulados partindo de princípios essencialmente voltados para o bem do povo.

Um velho amigo, portador de uma sabedoria imensa, a quem sempre recorro para beber lições em sua inesgotável fonte, disse-me recentemente que o voto mais seguro é o do ódio. E me explicava: quando um eleitor diz: eu não voto em fulano porque tenho um verdadeiro ódio a ele, já é a certeza de que o seu adversário é o escolhido para ganhar o seu voto e sem perigo de reversão.

Isto é muito comum em cidades, digamos, do porte de Cajazeiras, onde a política partidária é exercida de maneira mais forte e mais vibrante, aonde vizinhos, parentes e amigos fraternos chegam a se intrigar antes, durante e depois da rinha eleitoral.

Quem tem a felicidade de não se envolver na campanha e ficar como simples observador está constatando um fato inusitado e deveras estranho na cidade de Cajazeiras. Depois de proclamado o resultado das urnas da eleição de prefeito, poucos eleitores, mas pouquíssimos mesmos “desceram do palanque”. Observa-se um divisor de águas nunca visto na história política de nosso município. A campanha continua vivíssima. E o mais grave: não se ouviu dos eleitos um aceno sequer e muitos menos aquela célebre frase: “agora sou o mandatário de todos e não apenas dos que votaram em mim”. Teria faltado humildade? Ou o rancor e ódio ainda permanecem no coração dos eleitos?

Nos bares, nas esquinas, nas bocas malditas, em reuniões de família, em festas de casamento, de batizado, de noivado e aniversário tem sempre um grupinho se deleitando com as fofocas, futricas, intrigas e principalmente com as traições do mundo político de Cajazeiras.

No momento o comentário maior é em torno de quem vai trair quem. Os nomes dos quem vão trair e ser traído vão passando de boca em boca, isto faltando ainda muito tempo para que os brasileiros escolham os seus futuros prefeitos e vereadores.

Ninguém consegue fazer uma “amarração” política e as dúvidas levam sempre a possíveis fissuras nos três principais grupos políticos da cidade.

Que alianças serão formadas, em que palanques subirão as nossas lideranças? Quem terá a grandeza e o desprendimento de estender a mão para a concórdia e a união?

Chegaremos até o final das eleições com muitas especulações e até com algumas indefinições, mas nenhum eleitor deixou de ter, na sua essência, um pouco de paixão, de amor e ódio e sempre desejoso de temperar a política com uma boa dose de traição que é o ingrediente mais gostoso da política.

As insatisfações já permeiam nos intestinos dos grupos políticos da cidade, muito antes da missa de ação de graças, que será celebrada logo no dia seguinte a 15 de novembro.

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