Rosilda Cartaxo e a tradição sertaneja

ANTÔNIO BANDEIRA DE ALMEIDA

A escritora paraibana Rosilda Cartaxo (31/07/1921 – 20/06/2004) nasceu no sítio Zé Dias, localizado atualmente, na margem da Rodovia BR 230/PB, município de Cajazeiras. Filha de José Gonçalves Dantas e Maria Cartaxo Dantas. O casal se mudou, pouco tempo depois, para a casa grande da fazenda Mato Grosso, em São João do Rio do Peixe, de propriedade da família do marido. Rosilda é irmã de Eudes, Nilda, Mazinha e Marcos Antônio.

Iniciou os estudos com sua mãe, Dona Mariquinha, que era filha do Tenente-Coronel da Guarda Nacional, Emílio Emiliano do Couto Cartaxo, importante político cajazeirense no século XIX, e sua segunda esposa, Rosa Valentina de Albuquerque. Em Cajazeiras estudou com as professoras Adélia de França, Rosa David e Vitória Bezerra.  Conforme o historiador João Rolim da Cunha, Rosilda integrou a 19ª turma de professoras do Colégio Padre Rolim, atual Colégio Nossa Senhora de Lourdes. A solenidade de colação de grau foi em 20 de novembro de 1941, presidida pelo padre Abdon Pereira, estando presentes, entre muitas autoridades, a madre Maria Rosa Andrade, diretora do Colégio, o prefeito de Cajazeiras, coronel Juvêncio Carneiro, Dr. Aprígio Gomes de Sá, cônego Gervásio Coelho e professor Hildebrando Leal.

Em 1955 Rosilda foi morar em João Pessoa, depois de ensinar em escolas de São João do Rio do Peixe, (então chamada de Antenor Navarro), tendo sido por muitos anos diretora do Grupo Escolar Joaquim Távora.  Rosilda representava a mulher nordestina do sertão paraibano, com um perfil de intelectual, inteligente, forte, comunicativa, moderna e dinâmica.

Atuou com sucesso no setor educacional, social e cultural, especialmente na UFPB, LBA e Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP, chegando a ser presidente dessa Instituição.

Rosilda Cartaxo publicou diversos livros, quase todos relacionados com fatos históricos, costumes e personagens da Ribeira do Rio do Peixe, sendo “Estrada das Boiadas” considerado um dos mais importantes. Em uma de suas últimas obras, “Mulheres do Oeste”, ela traça variados perfis de figuras femininas da história da região do Rio do Peixe. Entre elas, podemos destacar o que escreveu a respeito de Maria Guimarães Coelho, que era avó de minha esposa Maria Clara:  “Mariinha – Era filha de José Ferreira da Silva Guimarães e Josefa Ferreira da Silva Guimarães. Nascida no dia 28 de fevereiro de 1882, em Santa Fé”, onde seu pai era grande proprietário. Aquele povoado fica no topo da Serra do Bonga, tristemente célebre pelas lutas sangrentas entre grupos rivais. Casou-se com o professor Crispim Sizenando Coelho, na Igreja Nossa Senhora de Fátima, em 10 de junho de 1908, que é o Patrono da Cadeira Nº 9 da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (ACAL), irmão de dom Moisés Coelho, primeiro bispo de Cajazeiras, que também é Patrono da ACAL. Maria Guimarães Coelho, que faleceu a 16 de outubro de 1967, aos 85 anos de idade, foi homenageada pela escritora Rosilda Cartaxo em função da “nobreza de sua alma, a maneira simples, educada de viver, o amor que transmitiu à família”.

ANTÔNIO BANDEIRA DE ALMEIDA É MEMBRO DA ACADEMIA CAJAZEIRENSE DE ARTES E LETRAS (ACAL)

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