Quem foi mesmo Marcolino Diniz? (1)

Com a reedição do romance Carcará, do escritor cajazeirense Ivan Bichara, a sair muito em breve, o leitor, certamente, perguntar-se-á: qual o vínculo que tinha Marcolino Diniz com a nossa cidade? E não são poucos: uns interessantes e amenos, e outros nem tanto…

Ele era uma espécie de lugar-tenente do Coronel Zé Pereira e filho do Coronel Marçal Florentino Diniz que, enviuvando aos 21 anos, se casou, em segundas núpcias, com Maria Augusta de Andrade Lima (Dona Doninha), filha do Coronel Marcolino Pereira de Lima com Águida de Andrade Lima que, entre outros filhos, geraram Alexandrina (a primeira Xandu), mãe do deputado Aloysio Pereira.

Marçal era agropecuarista de posses e domínios territoriais da fazenda Abóboras, um “mundão de terras”, encravadas entre os municípios pernambucanos de Serra Talhada e Triunfo.

A mãe do “caboclo Marcolino”, Dona Doninha, era irmã do conhecido e já citado Coronel Zé Pereira, pai do Deputado Estadual Aloysio Pereira, recentemente falecido, tendo sido aquele o “fundador” da República Independente de Princesa Isabel, nos já conhecidos entreveros políticos que, de certa forma, desencadearam a Revolução de 30.

Essa Dona Doninha, por sua vez, era filha de outro Marcolino, o Marcolino Pereira Lima, natural de São João do Rio do Peixe-PB, de onde rumou para os seus domínios territoriais em Princesa Isabel.

Marcolino (Pereira) Diniz era filho de Marçal Diniz e, por sua vez, tinha uma Xandu como irmã e tomou outra, com o mesmo nome, como esposa. (Como eram parentes consanguíneos, os casamentos, o que era muito comum na época, eram realizados entre as famílias, daí porque a coincidência nos nomes.)

O nosso retratado, Marcolino (Pereira) Diniz é que foi “homenageado”, junto com a Xanduzinha, sua esposa, por Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, naquele conhecido baião, de agosto de 1950,  intitulado “Xanduzinha” (O caboclo Marcolino / Tinha oito boi zebu […] Ai, Xanduzinha / Xanduzinha, minha flô…).

Foi pelas ramificações ancestrais que o “caboclo” Marcolino (Pereira) Diniz veio parar em Cajazeiras, onde, homem de posses, tornou-se o primeiro incentivador do nosso futebol, ajudando, financeiramente, o time do Cajazeiras, talvez no primeiro jogo “oficial” em nossa terra, realizado em meados da década de 1910/1920, no campinho por ele alicerçado, com recursos próprios e que, na época, se situava bem fora da cidade, onde hoje se localiza o nosso Xamegão, e que, depois serviu aos alunos do Grupo Escolar Mons. Milanez e aos “recrutas” do antigo Tiro de Guerra, o TG-243. Ali, realizou-se o jogo entre o Cajazeiras e uma equipe formada pelos operários que trabalhavam na construção do Açude de Boqueirão (Engenheiro Ávidos), time este organizado pelos engenheiros (alguns americanos do norte) da firma Dwight P. Robinson & Co. Aliás, ganhamos o jogo por 1 x 0. Mas, aí, já é outra estória…

Além do gosto pelo nosso incipiente futebol e incentivo a ele, Marcolino (Pereira) Diniz fundou e dirigiu o “órgão informativo” O Rebate, cuja primeira edição semanal ocorreu em 29 de junho de 1925. Suas instalações ficavam no início da Rua 7 de Setembro, hoje Av. Presidente João Pessoa, e tinha, como diretor o Dr. Praxedes Pitanga, na época advogado de ofício, jornalista culto, polivalente e destemido, que, inclusive, se propôs a participar do grupo que enfrentou o facínora Sabino Gomes, quando da tentativa de invasão da cidade, em setembro de 1926, e que, tempos depois, se elegeu Deputado Estadual.

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