Pau-de-sebo, quadrilhas e forró de pé de serra

Da minha juventude guardo algumas lembranças dos festejos juninos de Cajazeiras, dentre elas a que eu gostava de ver era a disputa de uma prenda, no topo de um mastro untado de sebo de boi ou de carneiro. Eu era atraído pelo pau-de-sebo para achar graça e me divertir e só conseguia pegar a prenda quem tivesse ajuda de outros parceiros, que iam subindo uns nos ombros dos outros e o prêmio, geralmente em dinheiro, era dividido entre os participantes. Era uma brincadeira muito democrática e qualquer pessoa que quisesse subir no pau era só entrar na fila.

Não me lembro dos organizadores que realizavam esta atividade recreativa, típica das festas juninas, e geralmente era realizada na Praça João Pessoa, ao pé da escadaria do Açude Grande ou na Praça Camilo Holanda.

Infelizmente, não tenho visto a manutenção desta tradição, que no passado fez tanto sucesso, não só entre as crianças, mas também para jovens e adultos. Ainda daria tempo, para incluir nas festividades juninas deste ano.

Foi no Clube Primeiro de Maio que dancei por anos seguidos as quadrilhas juninas organizadas pela diretoria, ao som da sanfona de Dedé Basílio e outros músicos, cuja apoteose era na Noite de São João, para em seguida um forró de pé de serra de primeira categoria até o dia amanhecer. Lembro-me de Timóteo Pintor, Dudu Vereador, Frutuoso e do Sargento Barbosa, pessoas que faziam parte da diretoria e não relaxavam nas organizações do São João e do São Pedro, além do carnaval e concorria em pé de igualdade, com o Cajazeiras Tênis Clube, formado pela elite da cidade.

Falar nas festas juninas de Cajazeiras, vale lembrar o nome de Raimundo Ferreira, um cidadão simples e muito festeiro, ao ponto de se tornar presidente do Clube 1º de Maio, entidade social aberta aos não “ricos” de Cajazeiras, em contraponto ao Cajazeiras Tênis Clube que era frequentado pela elite. E como dirigente proporcionou grandiosos eventos, ao trazer cantores de renome nacional para abrilhantar as festas, como Ângela Maria, Alcides Gerardo, Nelson Gonçalves, Núbia Lafaiete, Zé Trindade, dentre outros. Era um grande carnavalesco e gostava de dançar forró e realizou belas festas juninas, dando vez aos sanfoneiros e zabumbeiros da região.

Não podemos esquecer o nome do prefeito Antonio Vituriano de Abreu, idealizador do famoso Xamegão e pôs em prática 30 dias de festas juninas, que infelizmente, esta grandiosa festa saiu do calendário da cidade, talvez por falta de planejamento e de coragem dos que o sucederam.

Muitas das nossas tradições juninas foram de água a baixo, enquanto outras cidades continuam fazendo os seus festejos e para Cajazeiras, a única tradição que vem sendo mantida, mesmo sem Xamegão é o feriado decretado pelo prefeito no dia de São João.

Puxe o fole aí minha gente!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
CLIQUE E LEIA

Quem são os criminosos?

Quando Tancredo foi eleito presidente da república, mandou um recado aos banqueiros internacionais: não vamos pagar a dívida…
CLIQUE E LEIA

O adeus a Lilia

TIÃO LUCENA Não conheci Lilia das Mangueiras. Esse privilégio coube a Gutemberg Cardoso, Josival Pereira, Fernando Caldeira, Otacílio…
Total
0
Share