Os protestos antidemocráticos

Não conheço na história nacional acontecimentos que marcaram manifestações de rua contra a democracia. É algo inédito e ilógico. Ora, se a democracia deixa de existir, também se tornam proibidos os protestos. Ou já se esqueceram do tempo em que vivíamos numa ditadura militar? Essas manifestações, inclusive, contrariam o direito fundamental de ir e vir quando decidem bloquear estradas e vias públicas.

Dizer que não aceita o resultado das eleições é uma explícita incoerência. Quer dizer que as mesmas urnas que consagraram vítórias de expoentes da extrema direita, como Sérgio Moro, Dallangnol, Mourão, Damares, Ricardo Sales, etc., valem, mas os votos majoritários que garantiram a proclamação do presidente Lula como eleito são inválidos? Como explicar isso? As urnas são as mesmas. Esse questionamento tão alardeado por esses manifestantes coloca em xeque, não só a eleição do presidente da república, mas de todo o processo eleitoral.

E não há mínima evidência de que as eleições foram ilegítimas. Elas foram acompanhadas pelas mais diversas instituições, incluindo observadores internacionais, que atestaram a integridade das urnas. Isso não passa de choro de perdedores. Esse ambiente de tensão pós-eleitoral se constitui num movimento de ataque ao Estado Democrático de Direito. Nada justifica essa escalada de conflitos.

Protestos que pedem uma intervenção militar é atitude de extrema irresponsabilidade e de falta absoluta de sensatez. Temos assistido comportamentos que caem no ridículo. Perderam totalmente a noção de seriedade no exercício da cidadania. A regra fundamental da democracia é a vontade da maioria. O resultado do pleito se deu como a maioria decidiu. A soberania popular tem que ser respeitada. O excesso de manifestação de pensamentos contrários aos princípios encartados na Constituição Federal tem sido observado e apontado por especialistas como atos antidemocráticos e inconstitucionais e os seus promotores serão responsabilizados civil e penalmente.

Estão prestando um desserviço ao Brasil. É um comportamento de guerrilha, inaceitável numa sociedade civilizada. Eu já vi protestos de toda forma: por falta de moradia, educação, emprego, saúde, violação de direitos, mas “por falta de votos”, realmente é algo nunca visto. E não se pode falar em manifestações pacíficas. O vandalismo e a radicalização que estimula a violência têm sido marcas desses atos antidemocráticos, que só trazem prejuízos à população e ao país. A ordem precisa ser estabelecida. Democracia é alternância de poder. E isso tem que ser encarado como normal quando as urnas decidem que assim aconteça. Que a transição entre os mandatos seja feita sem tumultos e garantida a posse do eleito. Rejeitar essa prática democrática é caminhar para o caos. Ou será que é isso que querem provocar?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
CLIQUE E LEIA

Indignação

A comunidade sertaneja volta a se indignar com os dois fatos que aconteceram nos últimos dias, quando três…
Total
0
Share