Os jornais de Cajazeiras (7ª parte)

O Correio do Sertão, com periodicidade mensal, tinha como mensagem ser um “Mensário de Orientação Diocesana”, sendo assim, portanto, administrado pela Diocese de Cajazeiras, sob o beneplácito do bispo na época, Dom Luís do Amaral Mousinho (gestão de 1948 a 1953). No Edital do seu primeiro número, em agosto de 1949, assim ele traçou o perfil do jornal diocesano:

Ele apareceu porque é uma imperiosa necessidade da Diocese, considerada na sua acepção de uma grande família sobrenatural. […] O Correio do Sertão será um encontro fraterno das Paróquias e das almas sertanejas. […] O Correio existe para o Sertão. Interessar-se-á por tudo o que venha a contribuir para a grandeza, felicidade e prosperidade da nossa terra.

Mons. Abdon Pereira era o Diretor-Gerente, e Pe. Américo Sérgio Maia era o Redator- Chefe.

Dom Mousinho afastou-se da Diocese de Cajazeiras em 10 de maio de 1952, sendo, então substituído por Dom Zacarias Rolim de Moura, este, até então, Vigário-Geral da Paróquia de Patos.

O jornal circulou até o ano de 1953.

Tribuna do SERTÃO – Foi o espírito de vanguarda, combativo, ousado e inovador do Dr. Júlio Maria Bandeira de Mello que fez surgir este jornal. O fundador classificava o periódico como “um concorrente atrevido do jornal da Diocese”; no entanto, o editor do Correio do Sertão, na própria edição deste, datada de maio de 1953, por ocasião da primeira edição de a Tribuna do SERTÃO (abril de 1953), saudou a nova publicação, escrevendo: “[…] surgiu, nesta cidade de Cajazeiras, um órgão noticioso, intitulado Tribuna do SERTÃO. Os nossos votos de que possa servir aos interesses da terra.” Era uma espécie de “política da boa vizinhança”. Enquanto o jornal da Diocese mantinha um direcionamento editorial de cunho mais espiritualmente orientador, evitando bater de frente nos problemas sociais, o novo jornal enveredava por um caminho mais de natureza política e social, afirmando-se ser “Um jornal a serviço do povo”. O seu corpo redacional contava, além do Dr. Júlio Bandeira, com a verve sarcástica dos advogados Dr. José Rolim Guimarães e Dr. Lácio Alves Cavalcanti, este, filho do conhecido proprietário da Editora e Livraria Rio do Peixe, Horácio Alves Cavalcanti. Contando, inclusive, com o inteligente tom de humor e de crítica, que era a orientação do Dr. Júlio, o jornal, em sua linha editorial, enfrentou diversos problemas, mas sempre afirmava que “não se curvaria à subserviência política”. Daí, pode-se avaliar a linha polêmica que o jornal assumira. Talvez tenha sido o “atrevimento” de sua linha editorial que o tenha levado a ter uma existência efêmera: ao que consta, circulou por apenas um semestre.

O Observador foi um outro jornal de pouca circulação. Sua existência, de 1955 a 1956, deve-se a pertinácia do prof. José Pereira de Souza, seu criador, e ao talento de Deusdedit de Vasconcelos Leitão, estes dois, hoje Patronos de nossa Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL, detentores das Cadeiras 11 e 26, ocupadas, respectivamente, por Rui Cezar de Vasconcelos Leitão e Josival Pereira de Araújo. 

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