Os bairros conflagrados: a zona norte

Depois do texto publicado na semana passada, eu tecia comentários sobre a violência que toma conta de, no caso da última crônica, a parte meridional de nossa cidade, Asa Sul, São Francisco, Capoeiras, Bela Vista, e redondezas, onde, como eu tenho constatado há anos, o Estado (o ente estatal), na maioria das vezes não está a representar a população, e fica mais por conta do Estado Paralelo que cada vez mais se instala, inclusive e especialmente no meio dos jovens.

Por uma feliz coincidência, poucos dias após ter publicado aquele trabalho, tive a oportunidade de ter uma longa, proveitosa conversa em que discorremos sobre esse texto com um dos mais atuantes jornalistas que cobrem a área policial de nossa cidade, meu amigo Ângelo Lima, e o que ele me informou, sem querer parecer alarmista, me deixou com motivo para ficar ainda mais preocupado: Ele afirmou, o que eu, apesar de não frequentar esse lado da cidade, o que está mais preocupando atualmente é a Zona Norte da cidade, que segundo ele, que trabalha diuturnamente nessa área, falou mais ou menos o seguinte: Pepé, a Asa não é mais o inferno de antes, o crime, está se deslocando, hoje a área mais problemática é  a Zona Norte da cidade.

Du fato, eu que vivo no Centrão da cidade, sempre vejo muitas viaturas se deslocando para a Zona Norte. E ademais, apesar de pouco andar por lá, ouço quase diariamente notícias de fatos delituosos que acontecem pela Zona Norte de nossa Cajazeiras.

Outra particularidade que podemos perceber, é que na Zona Sul, por alguns motivos que esclarecerei, não dispõe de área suficiente para se expandir como bairro popular, está ficando como que cercada por áreas mais nobres, o Centro está evoluindo naquela direção, tem a sede do VI Batalhão da PM, há poucas centenas de metros da área “mais quente”, e alguns antigos “comerciantes” terem evoluído para atividades legais, e outros se associaram nessas atividades lícitas, fazendo com que essas atividades ilícitas (tráfico, roubos, etc.) paulatinamente buscassem outros locais com menos problemas, primeiro a Vila Nova, que parece que não tem dado muito certo, e mais recentemente a Zona Norte da cidade, que é onde a cidade tem mais se expandido, e consequentemente existem facilidades de se encobrir esses comércios ilícitos. A Asa ainda não foi, digamos destronada, mas com a evolução e o crescimento da cidade aquele bairro vai tendo de dividir espaço com outros bairros populares, e como ressaltou Ângelo Lima, os efeitos já começam a aparecer.

Mas como não sou da área de segurança pública, vou dar minha opinião como cidadão: Eu, e antecedido por pessoas ilustres como Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, e Cristovam Buarque, (ou como disse recentemente o procurador federal, numa das frases mais hilariantes desde que entrei na faculdade de Direito há 20 anos: “não tenho provas, mas tenho convicção de”). A saída adequada para nossos jovens é o ensino em tempo integral. Na contramão disso, o governo temerário inclui a Educação (e a Saúde), no teto de gastos, apesar de que o nosso país é um dos que menos investe em educação, mesmo entre nossos vizinhos subdesenvolvidos da América Latina. E escancarando as portas do dinheiro fácil do ganho ilícito para as novas gerações.

Como ainda arrematou Ângelo Lima: Para resolver esse problema cada vez mais grave, somente a nossa polícia local, não se chega nem a enxugar gelo, precisaria de logística, e recursos que por aqui nem sonham e existir, e uma máxima que eu sempre considerei absurdo, as quinhentas bocas que se disse numa dessas conferências contra as drogas, começa a fazer sentido, não hoje, mas num tempo futuro, poderemos alcançar. Na minha modesta opinião, já devemos ter chegado às cem bocas.

E continuamos de braços cruzados. Tanto como pessoas, como como comunidade, e principalmente como nação.

Não vemos os problemas com a rapidez que seja exigido para podermos resolve-los. E o processo de criminalização de nossa sociedade vai tomando proporções alarmantes.

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