O boato virótico

A forma como um boato viraliza no mundo virtual pode causar pânico social e até incidir em atitudes consideradas criminosas. Uma informação falsa divulgada intencionalmente tem força para causar consequencias maléficas, principalmente quando se percebe o desprezo às questões éticas e legais.  A fofoca leviana disseminada, seja pelas redes sociais ou pela mídia, tende a produzir uma sensação de terror coletivo.  

O nome novo para o boato é “fake new”, e tem se tornado uma prática comum nos tempos atuais, ainda mais quando se trata de atender interesses políticos. O pior é que se torna aceitável como verdade, sem que se questione a sua origem. Via de regra é motivado pela inveja, ultraje e o propósito de prejudicar alguém, daí o seu efeito danoso e agressivo. A informação cheia de veneno e sem fundamento, causa temores  e apreensões. O objetivo é plantar a semente da desconfiança, para alcançar resultados ardilosamente planejados. 

O filósofo grego Sócrates ao receber uma informação de Augustus, seu contemporâneo, teria lhe interpelado se o que ele estava comunicando havia passado pelo crivo das três peneiras., que seriam a VERDADE, a BONDADE e a NECESSIDADE.  Portanto, segundo ele a notícia para que seja divulgada é preciso que: primeiro se tenha a certeza de que é verídica. Segundo, se não está eivada de finalidade maldosa. E, por fim, se realmente é necessário propagar o fato. 

O ensinamento de Sócrates deveria ser observado por todos nós, antes de darmos crença às informações recebidas e decidirmos reproduzi-las.  Devemos ter, então, a preocupação em saber se o fato divulgado passa pelas “três peneiras”.  Do contrário, estaremos contribuindo para que se torne um “boato virótico”, que se estabelece como uma “verdade provisória” que provocará reações de ódio, revolta e conturbação. 

A comunicação viral ganha força nas redes sociais da internet, disseminando fatos ou idéias sem veracidade. O internauta torna-se um apressado propagador de informações, fazendo valer uma afirmativa da sabedoria popular que diz: “quem conta um conto, aumenta um ponto”. Informações descontextualizadas são compartilhadas propositadamente e ganham status de verdade quando replicadas na rede. A comunicação viral principia por boatos.  

A informação on-line faz o papel antes atribuído exclusivamente à mídia. O internauta divulga informações conforme seus interesses pessoais, sem a preocupação em conferir se são verdadeiras. O dinamismo e a rapidez de uma informação factual na webesfera torna-se, portanto, uma comunicação virótica, estimulando o repasse para o maior número possível de pessoas. O conteúdo viral nem sempre acontece por acaso, muitas vezes ele é cuidadosamente planejado. Por isso, é recomendável sempre checar de onde se originam as informações que recebemos pelas redes sociais, para que não caiamos no erro de propagar mentiras, cujas intenções não conseguimos enxergar num primeiro momento. 

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