Massa de manobra

O sociólogo francês Pierre Bourdieu foi quem primeiro classificou como “massa de manobra” as pessoas que são conduzidas por ideologias pré-formadas por grupos políticos, sem perceberem que estão se anulando como seres construtores da história e se recusando a atuarem como protagonistas dos acontecimentos que possam influenciar positivamente na suas vivências sociais.

São indivíduos que se permitem ser enganados por líderes inescrupulosos e mal intencionados. Ignoram o Estado de Direito, atuando conforme suas próprias noções de justiça. Sem muita consciência de si mesmos, se comportam como zumbis. Repetem palavras de ordem, repercutem notícias falsas e reproduzem um pensamento único. Orgulham-se em fazer parte de um rebanho. “Vida de gado”, como disse Zé Ramalho.

No Brasil contemporâneo têm sido instruídos a afrontarem a democracia. Estimulados a adotarem sérios desvios de conduta para atendimento dos interesses de grupos políticos. Estão convencidos de que deverão participar da guerra do “nós contra eles”. Os que deles discordam, não são apenas adversários no campo da política, tornam-se inimigos até nos ambientes de convivência social.

Submetem-se voluntariamente a um processo de alienação. Participam de atos de vandalismo, depredando patrimônio publico, incitando à violência, à desordem social e até mesmo uma guerra civil. São, na verdade, terroristas. Cometem crime de lesa-pátria.

A “massa de manobra” é constituída de gente ignara, movida por ódios políticos/religiosos. Defende ideais que julga ser do “bem”, passando a venerar líderes carismáticos, mesmo que sejam eles corruptos, incompetentes e irresponsáveis. A História tem nos oferecido exemplos que não são nada bons em seus resultados.

Os que integram a “massa de manobra”, contribuem para que se forme uma parte idiotizada na sociedade. Os últimos acontecimentos, porém, têm feito com que alguns percebam o erro que estavam cometendo e começam a abandonar esses grupos reacionários da extrema direita. Acordaram a para a realidade e se conscientizaram que estavam sendo usados como “massa de manobra”. Cansados de serem vítimas da manipulação política, recuperam a capacidade da análise racional de uma realidade a que estavam sendo convencidos a não enxergar. Decidem livrar-se da doutrina que os levou a uma mentalidade servil. Recuperam a liberdade de pensamento e a capacidade de fazer suas escolhas sem pressões ou imposições de terceiros.

Jamais devamos abrir mão do nosso senso crítico e da capacidade de exercitar o contraditório. Fiquemos de olhos sempre muito abertos para que não caiamos no discurso sedutor dos oportunistas de plantão.

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