Maria Quitéria, a heroína da Independência

Algumas mulheres se destacaram no movimento nacional pela independência do Brasil. A História que nos é ensinada nas escolas não registra, como deveria, a participação feminina na consolidação da nossa independência. Dentre elas, Maria Quitéria se distinguiu pela coragem e bravura, desempenhando papel importante nesse momento decisivo da nossa História.

Após o sete de setembro de 1822, quando Dom Pedro I chancelou a “declaração de independência” assinada pela Princesa Leopoldina, cinco dias antes, houve muita resistência a aceitar que deixássemos de ser uma colônia de Portugal. Militares portugueses que moravam no Brasil, organizaram várias manifestações contrárias à decisão anunciada pelo Príncipe Regente.

Dom Pedro se viu obrigado a reagir para assegurar a nossa recém-conquistada liberdade em relação a Portugal e colocar com vigor seu governo em todo o território nacional e se afirmar como monarca brasileiro. Para isso decidiu formar um exército pró-independência, com o intuito de expulsar de vez os portugueses rebeldes. Enviou mensageiros às fazendas para recrutar voluntários e angariar recursos financeiros. Numa dessas fazendas, no interior da Bahia, vivia Maria Quitéria.

Foi a primeira mulher a sentar praça em uma unidade militar brasileira. Pouco afeita aos trabalhos domésticos, Maria Quitéria gostava de montar cavalos e aprendeu a atirar, algo fora dos padrões da época. Ao tomar conhecimento de que estavam à procura de combatentes dessa causa, fugiu de casa e se alistou nas tropas, assumindo a identidade masculina, usando o nome de um irmão.

Ao ser informado da fuga da filha, o fazendeiro Gonçalo Alves de Almeida, foi à Cachoeira, cidade onde ela estava atuando como militar, e revelou para o Major José Antônio Castro que o soldado Medeiros era uma mulher. Maria Quitéria não aceitou as ameaças do pai e resolveu permanecer na tropa, fortalecida pela decisão do major no sentido de que ela continuasse incorporada ao Batalhão que comandava, por reconhecer suas habilidades com armas de fogo, independente da descoberta de que não se trava de um soldado e sim de uma soldada. Passou a se vestir como mulher, por permissão dos superiores na unidade militar a que estava servindo.

Teve participação efetiva em, pelo menos, três combates. Os dois primeiros nas regiões de Pituba e Itapoã. Em abril de 1823, comandou um grupo de mulheres civis que se uniram para lutar contra os portugueses na Barra do Paraguaçu, no litoral do Recôncavo, passando a ser considerada uma heroína da pátria. A vitória sobre os portugueses resistentes ocorreu em 02 de Julho, na Bahia, quando foram expulsos do país.

Em agosto de 1823, já alçada ao posto de Cadete do Exército, foi recebida pelo Imperador e condecorada com a insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro. Na oportunidade Dom Pedro declarou: “Querendo conceder a Dona Maria Quitéria de Jesus o distintivo que assinala os serviços militares que com denodo raro, entre as mais do seu sexo, prestara à causa da Independência deste Império, na porfiosa restauração da capital da Bahia, hei de permitir-lhe o uso da insígnia de cavaleiro na Ordem Imperial do Cruzeiro”.

Foi reformada com o posto de Alferes (segundo tenente). Em 1853, esquecida pela História, veio a falecer. Cem anos depois, o Exército, na figura do Ministro da Guerra, rendeu-lhe uma homenagem: ordenou que todas as unidades militares passassem a ter um retrato de Maria Quitéria. Em 1996, por decreto presidencial, recebeu o título de Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército.

Maria Quitéria se tornou um símbolo da emancipação feminina e exemplo para mulheres de todo o país.

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