Ler livros

Em entrevista a um jornal a historiadora Mary Del Priore falou que após sua aposentadoria da universidade foi morar numa cidadezinha do interior no Rio de Janeiro, e lá vive dentro de sua biblioteca pesquisando e estudando. Tem mais de quarenta livros publicados.

Segundo ela essa produção toda é em decorrência de disponibilidade de tempo que a cidadezinha lhe concede, distante dos burburinhos das cidades grandes com seus irrecusáveis atrativos culturais.

Li no jornal Folha de São Paulo de cinco de maio último, no caderno Ilustríssima, coluna Memorabilia, com a escritora Maria Valéria Rezende, paulista-paraibana – ou seria paraibana-paulista? – sobre suas experiências de leitora ao longo da vida.

Criada antes da existência da televisão, na sua terra natal Santos-SP, tinha Rezende o costume de ler duas mil páginas de livros por semana. Isso mesmo: duas mil páginas por semana. Calculando, dará duzentas e oitenta e cinco páginas por dia. Isso que era foco, determinação e paixão pela leitura.  Lembro-me que o jornalista e escritor Paulo Francis (1930-1997) escrevera certa vez que tinha lido cerca de três mil livros em sua vida.

Dia desses vi o jornalista Roberto Pontual na Globonews falar que lê uma média de dois livros por semana.  Admiro pessoas aplicadas no costume da leitura de livros. O que depreende deles para sua vida são outros quinhentos. No geral acredito que haja crescimento positivo.

Há os que compram sistematicamente livros e não os lê com a frequência dessas compras. O dossiê da revista CULT deste mês é sobre Walter Benjamim e está registrado uma fala dele em artigo de Luiza Batista Amaral: “Por anos a fio (…) minha biblioteca não consistiu de mais de duas ou três fileiras que cresciam anualmente cerca de um centímetro apenas. Foi a sua fase marcial, em que nenhum livro poderia nela ingressar, sem que eu houvesse lido”. Em tempos de proliferação de fontes de leitura e correria da lide diária é preciso rigidez na seletividade. Por exemplo: parei de abrir as mensagens de grupos do WhatsApp por uma semana e pouco e frequentei menos o Facebook e acabei terminando rapidinho de ler o cativante livro de Rubem Braga O Conde e o Passarinho. Tinha eu no WhatsApp acumuladas 911 (novecentos e onze) postagens entre vídeos, fotos, textos, frases e todo tipo de criatividade que aparece a cada instante nas redes sociais. Não frequento Instagram, Twitter e rarissimamente vou ao Youtube.

Se eu ficasse por conta das postagens dos grupos de WhatsApp não faria outra coisa. Ele é uma excelente ferramenta hoje em dia, indispensável, mas percebo que escraviza com suas excessivas postagens superficiais.

Cada um tem sua maneira de gerir esse problema. O que fiz então com essa montoeira de posts? Deletei.  Ler livro requer tempo e interesse.

Hoje, dia das mães, lembrei da minha, dona Bia, que até pouco mais dos 80 anos comprava o jornal Correio Braziliense aos domingos para ler principalmente o horóscopo e o caderno sobre telenovelas. Acompanhado de uma bebidinha (rum montilla com coca-cola) que ninguém é de ferro. Preservo esse seu costume de ler jornais aos domingos acompanhado de uma bebidinha, que também não sou de ferro.

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