Jovita Feitosa, Voluntária da Pátria

A nossa História está recheada de personalidades femininas que se tornaram heroínas pela bravura com que dedicaram suas vidas à luta em defesa de nossa pátria. Dentre elas destaca-se uma jovem cearense que decidiu alistar-se no exército para participar como combatente na Guerra do Paraguai. Seu nome de batismo era Antônia Alves Feitosa, mas ficou conhecida como Jovita Feitosa.

Aos 17 anos, após a morte da mãe, saiu de sua cidade natal e foi morar com um tio, na Província do Piauí. Foi quando tomou conhecimento de que estava acontecendo a Guerra do Paraguai. Revoltada com as informações de que mulheres brasileiras estavam sendo estupradas por soldados paraguaios, resolveu se apresentar como voluntária para integrar as forças combatentes de nosso país. Como não era permitido às mulheres ingressarem nas fileiras do exército, cortou os cabelos, atou os seios com uma cinta, de forma a que ganhasse a aparência de um homem, e assim pudesse ser aceita como “Voluntária da Pátria”

No entanto, pouco tempo depois, foi descoberta por uma feirante, ao perceber que o suposto soldado tinha furos de brincos nas orelhas. Desconfiada, apalpou o seu corpo e verificou que os seios estavam escondidos nas vestes militares. Foi então levada a uma delegacia e denunciada a mentira que arquitetara. Perante o delegado, Jovita caiu em prantos e confirmou que sua intenção era participar da Guerra do Paraguai. Convenceu o delegado que a interrogara e por consentimento do Barão de Loreto, Franklin Dória, então presidente da província do Piauí, foi aceita como sargento. Passou a usar farda com saiote.

Foi autorizada a embarcar para o Rio de Janeiro com os demais voluntários. Sua ousadia e coragem causaram admiração e foi aclamada por onde passava. Tornou-se uma personalidade pública e notória, todos queriam conhecer a mulher do Piauí que desejava ir à guerra. Todavia, seu insistente interesse em participar daquele conflito bélico, foi frustrado pela decisão do Ministro da Guerra que a destituía do posto militar. Impedida de se engajar nos embates e vendo seus sonhos patríóticos cairem por terra, decidiu permanecer no Rio de Janeiro, quando se envolveu sentimentalmente com um engenheiro inglês de nome Guilherme Noot, com quem passou a morar. Informada de que teria sido abandonada por ele, que voltara para a Inglaterra sem avisá-la, entrou em profunda depressão e se matou com uma punhalada no coração aos 19 anos de idade.

A curta vida dessa valorosa mulher foi marcada por honrarias e infortúnios, mas reconhecidamente como alguém que revelou a mais alta expressão de civismo que se espera de um brasileiro. O historiador José Murilo de Carvalho, ao biografá-la afirmou que Jovita Feitosa tornou-se “voluntária da morte, dois anos depois de ter sido aceita como Voluntária da Pátria”. Seu nome está inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, em virtude da lei n.º 13 423 de 2017.

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