Jeová: faça o que digo, mas não faça o que faço

FABIANO GOMES

Na quarta-feira (29), fiz questão de dar uma pausa na correria diária para acompanhar a entrevista que o ex-deputado Jeová Vieira Campos concedeu à rádio Difusora de Cajazeiras. Para minha surpresa, Jeová e os entrevistadores usaram o precioso tempo da emissora para fazer uma verdadeira ladainha contra a aliança entre o prefeito Zé Aldemir e o deputado Júnior Araújo. Foi uma choradeira sem fim. A todo tempo, o petista não perdia a oportunidade de pedir explicações dos dois grupos sobre a tão propagada aliança.

Chega a ser engraçado escutar Jeová demonizando alianças políticas, logo ele que já participou e apoiou todo tipo de aliança, em Cajazeiras, na Paraíba e no Brasil. A insistência de Jeová demostra duas coisas. 1 – Ele está morrendo de medo, porque sabe que os dois grupos unidos são praticamente imbatíveis na próxima eleição em Cajazeiras. 2 – Ele está tomado de inveja e raiva, porque Jeová e Chico Mendes se ofereceram pelo menos umas 5 vezes ao prefeito Zé Aldemir para fazerem a mesma aliança que agora criticam. 

Ao atacar de maneira tão insistente a aliança de Zé Aldemir com Júnior Araújo, Jeová me lembrou a história da raposa que fez de tudo para comer as uvas e, não podendo, passou a falar mal delas. Jeová bateu tanto na aliança, mas tanto, que eu cheguei à conclusão de ele está sofrendo de um tipo de amnésia, o mal do esquecimento seletivo, coisa da qual nunca sofri. Pelo contrário, sempre gosto de dizer que o que me lasca é minha memória.

Jeová esqueceu que foi coordenador-geral da campanha de Léo Abreu a prefeito, em 2008, e era o responsável, como agora, por bater pesado no ex-prefeito Carlos Antônio e seus aliados à época. E não media palavras. Quatro anos depois, tudo tinha mudado. Nas eleições de 2012, lá estava Jeová elogiando o grupo do prefeito Carlos Antônio como se nada tivesse acontecido na eleição passada. Jeová deu alguma satisfação ao seu eleitorado na época? Ele passou a andar com Carlos Antônio elogiando que antes criticava.

Aliás, quando suas contradições e incoerências foram apontadas, Jeová não soube explicar direito as alianças que Lula e Ricardo Coutinho fizeram com antigos adversários, principalmente a que seu maior ídolo e líder político, o atual presidente Lula, fez na última eleição para presidente com ninguém menos que Geraldo Alckmin, adversário de décadas. Quem tem um pouco de memória, recorda dos insultos que Lula e Alckmin trocaram.

E Ricardo Coutinho, seu líder na Paraíba, que fez aliança com Deus e o diabo por aqui. Na eleição do ano passado, Jeová foi candidato a suplente de Senador de Ricardo Coutinho, que pedia voto para Veneziano Vital. Jeová esqueceu que Ricardo e Veneziano eram adversário político até o início de 2022?

Meu amigo Jeová, um político que se quer sério não pode demonizar alianças. Você sabe. A não ser que elas sejam resultado de algum acordo espúrio. Quando feita às claras, com objetivos bem definidos, deixando evidenciados os ganhos para a população e a administração pública, toda aliança se justifica. Faz parte da boa política.

O que não é aceitável é criticar nos outros o que você sempre fez. Pior ainda é escutar críticas a Zé Aldemir por ter aceitado fazer uma aliança, depois de Jeová e seu grupo terem tentado tomar o lugar que agora é de Júnior Araújo.

FABIANO GOMES É COMUNICADOR, EDITOR DO FONTECZ

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