Indignado e confuso

Um dos meus mais recorrentes espelhos de o que pode ser “O escritor ocidental” o italiano Umberto Eco, faleceu há poucos dias, ela era o autor entre outras obras primas do romance “O nome da Rosa”, e quase tudo o que eu li dele era de um conteúdo extraordinário. Depois de sua morte, eu fiquei lendo e relendo alguns escritos seus e vendo o que seria para se apresentar para fazer uma homenagem ao grande que se foi. Recebi há pouco de um amigo dileto um livro denominado “Cinco escritos morais”, onde ele se reporta desde os tempos de criança, (ganhou seu primeiro prêmio elogiando Mussolini), passando pela critica ao nazi-fascismo, e outros ensaios reunidos nesse pequeno volume, que todos deveriam ler.

Então no último ensaio, sobre outros aspectos menos atuais, ele vaio com uma frase, que eu acho muito significativa para os momentos atuais no nosso país, ele escreveu que se achava “indignado e confuso”, com certas situações lá abordadas, na década de 70-80.

Quando eu li, vi a exata correlação com os momentos atuais, e intimamente assim também me sinto em relação ao nosso país, hoje.  Vamos rememorar: quando cheguei aqui, eu vi uma grande seca (1983), que em janeiro do ano subseqüente, antes que i “inverno” chegasse, os rurícolas (matutos, beradeiros, e outras conotações mais depreciativas) invadiram Cajazeiras e saquearam todos, repito, todos os prédios públicos de nossa cidade para levar comida, já que estavam passando fome. Foi a “Segunda sem Lei”, um programa de faroeste da Bandeirantes, ao vivo e a cores se desenrolando às nossas vistas. Hoje, depois da maior seca que já se teve notícia, nosso comércio, feira, etc., funciona dentro da normalidade, sem o temor, que nos assolava naqueles tempos, e não há de se negar, os programas sociais tiveram algo a ver com essa situação de tranqüilidade.

Quando eu cheguei em Cajazeiras, o prédio mais alto era a então Rodoviária, com impressionantes três andares, depois de uns vinte anos, veio o prédio da Emconvi com seis (era um por década), e hoje temos prédios de 12, 15 andares, a população que era de 45 até 50 mil habitantes hoje passa de setenta mil. Haviam seis cursos superiores, hoje mais de trinta, chegando a quarenta. A maior parte desse progresso inegável veio de uns 15 anos para cá, e no presente governo desses, digamos socialistas.

Então depois desse progresso todo, eu vejo que se desviou da Petrobrás 23 bilhões de reais; se fossem milhões já seria um escândalo, avalie todo esse montante, e o pior: a corrupção grassa de alto a baixo de nosso país, da presidenta (incompetente) a varredora de rua que recebe um trocado para varrer o lixo para o concorrente, ou coisa semelhante.

Então eu fico com aquela sensação do menino que acabou de descobrir que a estória da cegonha não era verdade: “Minha santa mãezinha trepava???”.

Então o problema é que no Brasil de hoje, ficamos divididos entre “Coxinhas” e Ptralhas”, e não há solução à vista…

Como Umberto Eco fico indignado e confuso, mas sempre achando que a via para chegarmos a algum ponto deve e tem que ser a via democrática, e desconfio que se esteja tramando algum golpe. O pior, eu e os mais velhos já vivemos sob a Ditadura, e era muito, mais muito pior.

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