Hipólita Teixeira: a inconfidente mineira

Filha de portugueses, Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, foi uma das mais ricas proprietárias rurais da região dos Montes, em Minas Gerais. Foi batizada com o nome de Theodózia, retificado posteriormente pelo Vigário Manoel Martins de Carvalho. Entrou para a História nacional como a única mulher a participar da Inconfidência Mineira, revolta separatista organizada no final do século XVIII por uma elite socioeconômica. A Fazenda Ponto do Morro, onde morava, tornou-se uma célula dos inconfidentes, em razão da sua localização estratégica, próxima às cidades de São João Del Rey, Prados e a capital da província, Vila Rica, facilitando a comunicação entre os conjurados.

De temperamento independente para os padrões da época, Hipólita era casada com um dos inconfidentes, de nome Francisco Antônio de Oliveira Lopes. Em sua fazenda foram realizadas várias reuniões do movimento também conhecido como Conjuração Mineira. Quando da prisão de Tiradentes atuou como elemento facilitador de comunicação entre os insurgentes, distribuindo cartas e comunicados. Foi a responsável pela ordem que deflagrou o levante militar após a prisão de Tiradentes e do delator Joaquim Silvério dos Reis. Depois que o seu cônjuge foi expatriado, chegou a ser punida pela Coroa Portuguesa, tendo todos os seus bens confiscados.

Essa rebelião tinha como lema “Liberdade ainda que tardia”. Reagia contra a pressão dos portugueses em cima das grandes jazidas de ouro que obrigava os mineradores mandar a Portugal um quinto do que extraíam. Dela participaram mais de sessenta homens, entre coronéis, advogados, poetas e sacerdotes. No entanto, uma figura feminina se destacou pela coragem em proteger e custear parte do movimento: Hipólita Jacinta. Assumiu, então, uma posição de vanguarda, sendo a primeira mulher a participar das lutas por causas sociais que demandavam justiça.

Em carta endereçada ao Padre Rolim Toledo, acusava a covardia de Joaquim Silvério dos Reis, delatando o movimento ao Visconde de Barbacena, porque o traidor tinha grande dívida a pagar à Coroa Portuguesa, oportunidade em que também comunicava a prisão de Tiradentes. Relatando a insurreição escreveu em de suas cartas: “Dou-vos parte, com certeza, de que se acham presos no Rio, Joaquim Silvério dos Reis e o alferes Tiradentes, para que vos sirvam e ponha em cautela, e quem não é capaz para as coisas não se metam nelas, porque mais vale morrer com honra do que viver em desonra”.

Impediu o marido de entregar ao então governador de Minas uma carta-denúncia em que delatava o movimento, com o objetivo de tentar diminuir sua pena pela participação na Conjuração Mineira. Além de queimar a carta, destruiu outros documentos que pudessem incriminar os revolucionários. Mesmo assim tentou de todas as formas salvar o marido, que fora preso e enviado ao Rio de Janeiro, junto com outros inconfidentes, todos eles sendo posteriormente degredados para a África, à exceção de Tiradentes, o único a receber a pena de morte.

Com a ajuda de amigos conseguiu reaver seus bens, em 1808. Antes de falecer, em 1828, deixou, em testamento, toda a sua fortuna para os pobres.

Foi, portanto, uma das mulheres notáveis que fizeram a diferença na História do Brasil.

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Vale dez

Desde o momento em que eu assumi o lugar de professora, passei a agradecer muito mais a todos…
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