Edme Tavares: o maior parlamentar de nossa terra

Assisti e me admirei com a Audiência Publica acontecida na última sexta-feira em que se tratou da criação da Zona Franca do Semi- Árido Nordestino, capitaneada pelos nossos (embora nesta eleição Cajazeiras os tenha esquecido) Deputados Federais Wilson e Efraim filho. Impressionante e surpreendente, se for viabilizado este projeto, pode e deve ser uma grande solução para muitas de nossas mazelas centenárias. Feito digno de nosso respeito e fica o dever de engajar nessa luta.

Agora, tudo isso foi, pelo menos no momento, eclipsado pela terrível notícia do falecimento de uma das mais importantes pedras angulares de nossa política, o nosso, entre outras coisas, Deputado Constituinte Edme Tavares de Albuquerque que durante quase três décadas esteve como estrela maior a cintilar em nossa minguada constelação política. Certamente outros vão tecer com maior ênfase os comentários sobre esse “vultoso vulto” perdoem o vício de linguagem, mais não me ocorre nada que exprima melhor este que nos deixa, e vou tentar emitir considerações na medida do meu parco discernimento sobre sua trajetória de vida, que tive a oportunidade de não só observar, como de em muitas ocasiões até de participar, de alguns eventos marcantes da carreira de Edme (inclusive de sua intimidade). Vou tentar pinçar alguns momentos, para de modo mais exclusivo mostrar aos leitores. Saliento que Edme era um assíduo freqüentador de minha casa, das maiores sendo uma referência na área da política de minha mãe, D. Ica, que tinha por ele um apreço enorme e sempre o apoiou em todos os seus projetos políticos, inclusive fazendo o corpo a corpo de nas campanhas, era comensal freqüente de nossa mesa, e se não fosse a casa de sua tia Angelina Tavares (que ele chamava carinhosamente de Tia Gé), nossa casa seria o QG de suas campanhas.

Primeiramente, a campanha para prefeito de 1972. em que Edme esteve envolvido e liderando todo o processo da sucessão no primeiro mandato de Dr. Epitácio Leite, inclusive na indicação e homologação da candidatura de meu tio Dr. Gineto Pires para o cargo, durante todo o processo de impugnação de sua candidatura, que foi deferida em seu desfavor, em que Edme eivou todos os seus esforços para que não acontecesse, e depois abraçou de corpo e alma a campanha do novo candidato Dr. Antonio Quirino, esta vitoriosa, em que como o candidato era neófito, assumiu o papel principal nos palanques, inclusive, chancelando o bordão daquela candidatura quando apontava os defeitos dos oposicionistas e o povo gritava: “Acunha Doutor!!”; Edme estava pavimentando sua figura para os vôos mais altos que iria alçar.

Vitoriosa esta campanha, Edme consolidava, ao lado de Bosco Barreto, suas respectivas carreiras na Assembléia Legislativa Estadual, e depois, na década de 80, seu ingresso no Congresso Nacional, o ápice de sua carreira política. Lembro-me que recebi uma cópia com dedicatória de seu primeiro pronunciamento no Congresso, que li e me emocionei, ele citava toda sua carreira e aludia elogiosamente sua terra.

Depois, fez uma carreira impressionante como Deputado Federal, galgando quase todos os cargos naquela casa, e se sua terra não o tivesse abandonado, votando em candidatos menos conseqüentes, certamente teria alcançado as maiores diretorias ou mesmo a presidência daquela casa.

Entre outras coisas foi Deputado Constituinte, o que de per si somente seria motivo de grande orgulho para todos nós seus concidadãos. Ainda mais, foi o principal responsável pela implantação da Escola Técnica em nossa cidade, hoje mais fácil, mas naquele tempo, quase impossível, sendo a maior Escola Técnica, que hoje se chama IFPB, a maior em área do país e nessa conquista, até Campina Grande foi preterida. Tive a oportunidade de participar das primeiras reuniões preparatórias com o objetivo de trazer essa escola para nossa terra. Digo sem medo de errar: Sem o trabalho incansável de Edme Tavares, esta escola não viria para cá, e hoje nos orgulhamos daquela conquista.

Tive o prazer de conviver e inclusive desfrutar de sua intimidade, poderia me estender por páginas e páginas, mas fico por aqui, deixando para outras oportunidades me estender aos detalhes de sua complexa e grandiosa personalidade.

Cajazeiras, a Paraíba e o Brasil ficaram diminuídos com essa perda. Repito: Edme mesmo que não tenha sido prefeito ou governador, foi sem dúvida o maior parlamentar que essa terra já produziu. Sua obra de vida é grandiosa, e com seu desaparecimento, vai se consolidar o mito. Certamente, do outro lado da vida, Edme está a desfrutar a companhia de seus amigos e aliados de outrora, e nos deixando órfãos.

A gente, que era torcida, e criticávamos seus pequenos defeitos, agora nos sentimos na obrigação, diante de sua perda, a reconhecer a grandiosidade de seu formidável papel desempenhado nesse conjunto da obra que compõe sua vida. Seu nome ficará para a História. Obrigado por lhe ter conhecido. Você foi, é e será grande.

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