De pessoas e de lugares (1)

Rever pessoas e lugares sempre foi um hábito cultivado por criaturas sensíveis, sobretudo quando se trata de amigos com os quais hoje não convivemos e/ou de ambientes onde já não vivemos no dia a dia. Muitas vezes, com o passar dos tempos, já que não podemos rever os amigos doutrora, que passaram a um plano superior, buscamos contemplar os lugares que, com a presença deles, nos eram familiares.

Assim é que recomendo aos cajazeirenses e cajazeirados, que já não vivem na cidade, um exercício de nostalgia, como o faço habitualmente nos meus retornos à terra mater. Enquanto os lugares remanescentes ainda existem, vou contemplando-os e buscando outros que já desapareceram, mas que ainda vivem na minha imaginação.

Assim é que, ao parar diante da antiga moradia do Coronel Sabino Guimarães, onde também residiu o seu filho homônimo, o Dr. Sabino, bem na esquina da Rua Pe. Rolim, já dando para o Colégio N.S. de Lourdes (antigo Colégio da Doroteias), fico a contemplar um passado que foi respeitado e que se não deixou destruir pelo boom imobiliário que vem tomando conta da cidade.

E vejo ainda, em minha memória, suntuosos oráculos familiares, como os velhos casarões da Rua Victor Jurema, mormente três que embalaram minhas admirações infantis: ali estavam erguidas as moradias do Dr. Otacílio Jurema, de Vicente Barreto e de Tota Assis…

Aonde quer que o meu pensamento me conduza, não posso deixar, mesmo distante no tempo e no espaço, de rever o casarão do Dr. Juca Peba, onde imperava o exemplo de uma família tradicional e ouvia-se, nos finais de tarde, o ritmo sonoro do piano de suas amadas filhas; partindo para os lados do Grupo Escolar Monsenhor Milanez, revejo, na imaginação, ali na Rua Líbio Brasileiro, a casa do Seu Leitão, já em busca da sede do antigo Tiro de Guerra – O TG  234 –; do antigo Posto de Puericultura; da casa de Seu Horácio e de Dona Bernardina, onde eu costumava embalar brincadeiras infantis e inocentes com Iclea, que se ressentia da ausência do irmão Lácio, que foram encaminhado para os estudos no Recife.

Regressando a outros pontos, vejo-me diante da casa de Antônio Rolim, de cujo muro assistia aos jogos do Tabajaras e do Atlético, em companhia de Guerton, nas tardes dominicais, e cuja fachada é conservada, com orgulho, pelo nosso amigo Dr. Deusdedit (prefiro chamá-lo de Dr. Detinho); lá pras bandas de “onde o trem fazia a manobra”, incólume permanece a casa de Seu Barrim que, pra quem não sabe, certa vez foi contemplado com o prêmio maior da Loteria Federal.

Como haveria de esquecer a casa do casal (desculpem a redundância) de Zezinho Lacerda e Dona Ester, em cuja calçada embalei meus sonhos adolescentes com a presença de “minha musa inspiradora, rima rica dos meus versos…”; permanece ainda sem ser desfigurada a antiga casa de Sinval do Vale, quase fronteiriça com a de Seu Sebastião Bandeira e o vetusto prédio do Grêmio Artístico Pedro Américo; a propósito, que se não deixe destruir o Círculo Operário, como ocorreu com o Prédio São Vicente, hoje uma verdadeiro pardieiro de apartamentos; a residência de Álvaro Marques já foi descaracterizada, porém permanece imponente a sua vizinha, sob os cuidados e zelo do amigo centenário Romualdo Rolim. O espaço é curto para tantas recordações, por isso prometo-lhes voltar ao assunto, ou melhor, às recordações…

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