“Dar o braço a torcer”

Existe uma expressão popular que diz “fulano não quer dar o braço a torcer”, quando se percebe que alguém resiste em voltar atrás nas opiniões ou posições assumidas. Pode ser um traço de personalidade, mas também pode estar vinculado a um sentimento de vergonha, acanhamento em admitir que cometeu um equívoco. É uma teimosia que se mistura com orgulho próprio. 

Nem quando a “verdade” se torna explícita, exposta de forma incontestável, assume a postura de quem reconhece ter praticado um erro.  Faz de suas convicções pontos de inflexibilidade.  Fecha-se nas suas opiniões, não oferecendo oportunidades sequer de abrir diálogo sobre as posições que defende, no receio de ser vencido nos contra argumentos.  

Esse é um comportamento que enseja agressividade, considerando que há uma intolerância à discordância. Prevalece, então, a ideia de que está sempre com a razão, daí a resistência em concordar com a afirmação de que incorreu num engano. Não consegue compreender que, às vezes, vale a pena “dar o braço a torcer”.  Não necessariamente mostrar-se arrependido, mas promover uma revisão de conceitos e de percepção das coisas. Quando isso acontece, conquista-se paz de espírito, sem dramas de consciência. 

Isso ocorre com mais frequência nos embates políticos. Embora o tempo o faça enxergar as situações com outro olhar, diferente do de antes, reluta em confessar seu engodo. É importante saber que todos nós estaremos sempre susceptíveis a cair em armadilhas que não percebemos no calor das emoções. Porém, devemos ser humildes o bastante para interpretar os avisos de falhas perpetradas e, por consequência, darmos o “braço a torcer”. Nisso não haverá de ser considerado algo que possa levar uma pessoa a se acabrunhar. Pior, é permanecer no erro, por implicância. 

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