Carmelita Gonçalves e Padre Rolim: nomes que se agigantam e marcam a educação de Cajazeiras

A educação de Cajazeiras foi marcada no Século XIX pela presença do Padre e Mestre Ignácio de Souza Rolim, que fez uma “revolução” com uma caneta e a palavra. Foi de sua iniciativa a criação de uma escola dedicada às mulheres, que no Século XX, se transformou no que é hoje a Escola Nossa Senhora de Lourdes e foi nesta casa de saber, que no ano de 1948, se tornava a jovem menina, nascida na Barra do Catolé, na Normalista e grande Mestra Carmelita Gonçalves.

Poderíamos afirmar que Carmelita seria um novo Padre Rolim, vestida de saias, que a exemplo dele educou gerações dos filhos de Cajazeiras e de outras cidades da região, vindos estudar aqui já pela sua fama como grande educadora?  

Somente através de uma pesquisa poderíamos avaliar o quanto foi grande o legado de Carmelita para a educação de Cajazeiras, que através de sua palavra, não só como professora, mas essencialmente como educadora, tendo como alicerce principal a fé cristã, chegaríamos a uma conclusão. Nunca se quedou pelas novas filosofias da educação e muitos menos pelos modernos métodos de ensino. Primava para que seus pupilos fossem “ótimos” em português e matemática, sem deixar de lado os conhecimentos humanos. Tive exemplos dentro da minha casa, através de meus filhos, que ao chegarem à cidade do Recife, os professores queriam saber aonde tinham feito o curso ginasial.

Sentia prazer e júbilo e festejava com felicidade cada reencontro nosso e o último foi quando fazia uma caminhada de fé e evangelização em busca de divulgar a festa de Nossa Senhora do Carmo, Padroeira da Capela do Sítio Barra do Catolé, na sala da diretoria da Rádio Alto Piranhas.

Mas, sempre nos nossos reencontros, a sua primeira pergunta: como vão os “meus meninos” e via nos seus olhos a alegria e sentia que seu coração transbordava de felicidade quando respondia: os seus ex-alunos vão muito bem. Ela sempre tinha preocupação e se rejubilava e aplaudia com as vitórias dos “seus meninos”.

Pelo que ela representou para a vida de muitas famílias de Cajazeiras e diante do compromisso, de toda a sua existência, em manter viva e cristalina a sua crença de que os caminhos da vitória só serão abertos e conquistados através da educação, seremos eternamente gratos.

É indiscutível também o seu legado de dedicação à igreja, que com fé e bravura, nas difíceis caminhadas da evangelização, não media esforços para quebrar as barreiras e ampliar as vocações e se envolvia com muita determinação nas campanhas para manutenção do Seminário Nossa Senhora da Assunção, uma das obras da Diocese de Cajazeiras, na formação dos vocacionados à vida sacerdotal.

Outro dia a observei caminhando por uma de nossas ruas e a cada passo era parada por um ex-aluno, pelo pai ou mãe de seus pupilos e lá se iam os beijos, os abraços, os afagos e carinhos.  Isto era a prova maior do respeito, da gratidão, do afeto, da admiração e do agradecimento de todos que passaram sob o teto de sua escola, para com ela.

Teve dissabores? Sim, com certeza, mas não partidos dos que a conheciam. Mágoas, talvez, mas não as levou consigo para o túmulo, porque ela era essencialmente perdão e paz.

É inacreditável, Carmelita que sempre viveu e sobreviveu da palavra, teria feito um voto de silêncio: não dava entrevistas, não foi receber medalhas e nem outras honrarias. Guardava no íntimo de seu coração e da Imaculada Nossa Senhora do Carmo, as razões desta sua decisão, mas na hora de sua páscoa, os seus amigos e admiradores fizeram barulho e muitas vozes ecoaram por todo o Brasil, chorando a sua partida para a eternidade, neste domingo, dia 16 de outubro, aos 98 anos de idade.

Muitas saudades você vai deixar, querida Mestra.

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