A terra que ensinou a Paraíba a roubar

Caro leitor, antes de mais nada peço minhas desculpas, não pelo que vou escrever, mas pelos fatos lamentáveis que me sinto na obrigação de registrar, e pior, provocados por agentes políticos que tem a obrigação de defender a cidade de Cajazeiras.

Primeiro nada tenho contra a cidade de Sousa, nem contra os sousenses, que como em quase toda a cidade, a grande maioria dos que lá residem, são pessoas de bem, é a terra de parte de meus ancestrais; Galdino Pires, meu avô era filho de Sousa, e lá residem muitos parentes que admiro e gosto, além de amigos e parceiros que tem trajetórias de vida que eu respeito muito, além disso cursei Direito na hoje UFCG e aprendi a gostar de nossa Cidade Irmã, mas como nasci e moro em Cajazeiras, e acho que ela e todos que moram nela foram ofendidos, assim me sinto na obrigação de me manifestar e apresentar minha indignação.

Isso posto, o que venho a relatar o faço como um jornalista que na década de 70 fez o comentário sobre um filme de Bertolluci “O último tango em Paris”: “Não vi e não gostei”, alguns vereadores acharam, não sei por que motivo, que não teriam espaço nas rádios daqui, como que José Cavalcanti, Zerinho e Prof. José Antônio, os donos das principais emissoras de nossa cidade, necessitassem das minguadas verbas municipais, e para sobreviver, atendessem a uma ordem para cassar a palavra dos oposicionistas… Ridículo então esses senhores resolveram prestar uma entrevista conjunta em numa emissora de Sousa. O que aconteceu é que o “dono do programa”, um bandido aproveitador que também não o vou citar para não dar crédito a mau-caráter, mas que pode ter a desculpa, de querer aumentar o seu ibope naquela cidade se aproveitando do bairrismo latente que ainda subsiste entre as duas cidades.

Ele segundo se comenta em toda esquina da cidade, teria dito, “Cajazeiras agora é a Cidade que ensinou a Paraíba a Roubar”, quando tratava da já famosa Operação Andaime, que se processa em mais de 80 prefeituras da Paraíba, e a nossa nem aparece até o presente como a principal protagonista dessa citada operação, assim, e como minha cidade foi ofendida, vou apresentar alguns fatos para rebater esse título absolutamente sem sentido que foi transmitido por uma ‘emissora de rádio de nossa Cidade Irmã.

Alguns exemplos para reforçar o antigo adágio popular, de “quem tem telhado de vidro não atira pedra no telhado do vizinho”, Vejamos:  Há mais de uma década, quando nem se falava nessas operações midiáticas da Polícia Federal, aconteceu uma, com espaço no Fantástico e tudo, operação que lavou o nome de “Operação Confraria”, que levou preso o cunhado do prefeito, e tinha inclusive mandados para o prefeito e sua esposa, que conseguiram fugir, essa aconteceu aonde, caros leitores? Em Sousa, cujo prefeito na época era meu contemporâneo de secundário Salomão Gadelha, a Primeira Dama Aline e seu irmão preso, esses últimos mus parentes próximos. Eu fiquei com vergonha de ter parentes envolvidos, e aqui é que é a terra que ensinou a Paraíba a roubar…

Quando eu era estudante de Direito, havia um barzinho de estudante por trás da faculdade, e eu perguntava o porquê de a rua por trás da faculdade não era calçada, e o dono que infelizmente fico devendo seu nome me respondeu com ferina ironia, há mais de quinze anos: O Senhor não ta vendo, essa rua já foi Calçada há mais de dez anos, o detalhe é que desviaram a verba e deu apenas até a ponte do canal. Depois de formado, voltei e como a rua tinha sido calçada, perguntei com tinha sido: com a mesa ironia me ensinou que “mudaram o nome do resto da rua que não foi Calçada e calçaram mais essa pedaço”. Nesse tempo, eu inclusive fiz uma matéria elogiando nossos antigos prefeitos Chico Rolim e Epitácio leite, que usavam recursos próprios para irem calçando as nossas ruas. Foi a primeira vez que vi esse expediente; e Cajazeiras ensinou a Paraíba a roubar…

Sousa manteve por muitos anos uma Companhia de Polícia, cujo efetivo máximo é de 120 homens, insuficiente e muito, para uma cidade daquele porte, e como havia essa carência, formou-se uma “zona de conforto” para a bandidagem, em que hoje seus cidadãos todos sofrem com o maior (comparado a cajazeiras) índica de criminalidade, hoje, mesmo com a criação do Batalhão da PM em Sousa, ainda se sofre com a deficiência de quadros. A nossa agência do Banco do Brasil nunca foi assaltada, e a de Sousa foi, em que outro parente meu, Valtinho Pires de Sá, foi feito refém, e me disse que comemora dois aniversários, o do dia que ele nasceu e o dia em que saiu vivo desse assalto; e aqui é a cidade que ensinou a Paraíba a roubar…

Que a corrupção, a malandragem e a bandidagem grassam por todo esse nosso país, é endêmica e cultural, todos nós toleramos em maior ou menor grau, e todos sofremos as conseqüências, agora se chegar num meio de comunicação e apontar para a cidade vizinha e inventar que lá está o Gênese da roubalheira, ultrapassa o mau gosto, e se aproxima, e muito da delinqüência, ou como na parábola do fariseu: Enxerga um cisco no olho alheio e não vê a trave no seu olho.

De irresponsáveis e inconseqüentes, extensivos aos ”nobres”, mas nem tanto, vereadores de participarem dessa pantomima de mau gosto, estamos fartos. Isso não é coisa de cajazeirense, nem de quem gosta de Cajazeiras, temos que resolver nossos problemas internos aqui…

Então se cria mais uma intriga entre Cajazeiras e Sousa, e Patos, que não tem nada com isso, se aproveita toma mais fatia de alguma coisa que iria para essas cidades, e se estabelece cada vez mais como centro Regional. Então, todos perdemos…

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