A maior noite das Mangueiras

Nossa Lilia faleceu. Um monumento à nossa história. Outros vão falar acerca da mulher que ensinou Cajazeiras a amar, mas eu quero “ser diferente” vou falar na maior noite que teve sua famosa “boate”. No auge das Mangueiras, Lilia resolveu fazer um palco para suas “funcionárias” praticarem a arte de tirar a roupa em público, e fez um palco de strip-tease; quando correu à boca pequena essa inauguração, a cidade ficou eufórica. Pronto, logo que chegou a noite, não havia outro assunto na cidade; e o comparecimento foi da melhor qualidade possível: estavam no evento representantes de todos os poderes constituídos, executivo, legislativo e judiciário; os gerentes dos bancos oficiais, empresários, e somente nosso Bispo Diocesano não compareceu por (acho) por ter compromissos anteriormente assumidos. Era gente “saindo pelo ladrão” aquele globo espelhado que saiu no Fantástico foi inaugurado nessa noite. Depois de uma pequena saudação da anfitrioa, que ora nos deixa, chegou a vez do show. A primeira a se apresentar foi uma stripper profissional vinda do Juazeiro especialmente para a ocasião, e praticou a sua arte profissionalmente, só não me lembro das músicas mas parece que ainda as ouço. Depois, para o segundo strip, ficaram as funcionárias nativas a discutir quem era a segunda a se apresentar, Então, no auge de meu delírio alcoólico, fiz o impensável: Disse “o povo quer espetáculo” e embora sóbrio eu seja tímido, alguma coisa me impulsionou para fazer esse desatino.

Subi no palco, e fui tirando a camisa social, depois tirei o cinto, fiquei rodando ele para jogar à multidão, e logo depois, veio um acólito da boate e me disse: “Pepé, se você tirar mais alguma peça de roupa Dona Lilia vai botar você para fora”. Interrompi imediatamente o que estava fazendo e desci do palco, enquanto a galera aplaudia e dizia “queremos Pepé, queremos Pepé” e voltei à realidade, e o show das meninas lindas e sem barriga continuou. Foi até alta madrugada, esse evento e os outros que se seguiram,  foi um sucesso regional, com certeza foi um dos motivos que fizeram o pedido de outorga de cidadã cajazeirense (ela era de São José de Piranhas), que por um grande equívoco não foi concedido; mas a reportagem do Fantástico tornou nossa pequena Cajazeiras com fama nacional. Cidadã do povo. E o desfile do Bloco Cafuçú terminou de lhe conceder sua última e merecida homenagem.

Mas eram outros tempos, os motéis e celulares e o avançar da idade da que recentemente partiu deixou de ter sentido aquele tipo de ambiente, embora existam outros em lugares mais discretos.

Missão cumprida Dona Lilia, a senhora, e o seu tempo vão fazer falta.

Ainda volto ao assunto.

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