A eleição acabou, vida que segue

Está cada vez mais evidente que o presidente derrotado nas urnas trabalha no sentido de promover um agravamento do clima de tensão política em nosso país. Grupos radicais são estimulados a reagir com manifestações de insatisfação diante do resultado da eleição presidencial, ocupando vias públicas e bloqueando rodovias, agindo com hostilidades, perseguições e boicotes perante os que passaram a considerar inimigos porque votaram no candidato eleito.

Esses grupos ao se apoderarem da bandeira nacional e das cores verde e amarela, se autoproclamam “patriotas”, mas fazem discursos antidemocráticos, reivindicando a intervenção militar num explícito saudosismo da ditadura que vivemos no século passado, atacando as instituições republicanas e desdenhando dos preceitos constitucionais. Agem guiados por orientações ideológicas da extrema direita, afrontando a legalidade institucional.

É a forma buscada, em desespero, para tentar sobreviver politicamente. Nunca se interessou em desempenhar o papel de conduzir e harmonizar o país. Muito pelo contrário, seus discursos sempre foram objetivando criar um ambiente de conflito, incentivando lutas beligerantes entre compatriotas. Seu desejo, proclamado exaustivamente, foi a de formar um braço armado que defendesse suas ideias antidemocráticas. Daí a implementação de políticas armamentistas, afirmando que “a população armada, jamais seria escravizada”. Retórica típica de quem tem vocação para o autoritarismo.

Não aceita que a eleição acabou e a democracia venceu. Insiste em não reconhecer que o pleito ocorreu sem nenhuma evidência de fraude que possa ter influenciado o resultado confirmado ao final da apuração. Ao fazer isso, acirra os ânimos do inconformismo, ao invés de acalmá-los, como era de se esperar de um verdadeiro democrata. Os perdedores precisam cicatrizar as feridas da disputa, tratá-las com o bálsamo da serenidade e recomeçar na conquista de seguidores para o próximo confronto eleitoral, como sempre aconteceu no Brasil. Permanecer nessa insistência em ativar a fogueira de divergências pessoais e políticas é algo que pode ser considerado irresponsável, irracional e criminoso. Bravatas e gritos não farão com que o curso da história seja mudado. Quem entra numa batalha política tem que estar pronto para saber ganhar e perder com dignidade.

Está na hora de acabar com o “nós contra eles” nas relações políticas da sociedade brasileira. O importante agora é a união de todos em torno de um só objetivo: fortalecer a democracia e promover o desenvolvimento sócio-econômico da nação. A eleição acabou, vida que segue.

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