Padre Heliodoro Pires: o apressado biógrafo do Padre Rolim

HELIODORO DE SOUZA PIRES

* Umbuzeiro (PB), 09/01/1888
+ Umbuzeiro (PB), 03/03/1971

Padre Heliodoro de Souza Pires nasceu em Umbuzeiro, município localizado a 155 quilômetros de João Pessoa, em 9 de janeiro de 1888. Ele morreu na mesma cidade, em 3 de março de 1971, aos 83 anos e 60 de sacerdócio.

Era filho de Silvestre Pires de Azevedo e Ludugera Almeida de Sousa. Seus estudos para receber as ordens sacerdotais ocorreram no Seminário do Ceará, em 1911, através Dom Luís de Brito. Seu trabalho com o religioso teve início em Cajazeiras, no Sertão da Paraíba, levado por Dom Moisés Coelho, com o objetivo de instalar a Diocese local.

Posteriormente, transferiu-se para Recife, seguindo dali para os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. No Rio de Janeiro, organizou os vitrais da Igreja de São Judas Tadeu, composto dos maiores vultos religiosos nacionais. Dedicou-se aos estudos e ao trabalho, tornando-se especialista em literatura católica, estudioso das artes sacras e da história da igreja brasileira. Por isso era muito solicitado pela imprensa carioca, pernambucana e paraibana, que disputavam seus escritos.

Como jornalista, escreveu para os jornais de Recife, publicando trabalhos no Jornal do Comércio e em A Manhã.

Padre Heliodoro era admirador do Padre Rolim, com o qual teve uma rápida convivência quando criança. Em sua homenagem escreveu uma biografia do padre, baseada em grande parte nas lembranças que lhes ficaram na memória. Sobre a biografia, porque baseada na memória e na tradição oral, apresenta inúmeros problemas com relação a datas e dados sobre o biografado e sua família.

Um desses problemas, apontado pelo Barão de Studart, em carta prefácio ao livro, desmente o fato de que Rolim tenha sido discípulo do Padre José Martiniano de Alencar no Seminário do Crato, pois, segundo ele, nessa época Alencar frequentava o Seminário de Olinda.

Outra explicação para os “erros” teria sido a pressa do padre em inscrever o seu trabalho sobre Padre Rolim no Congresso de História, que ocorreu na Paraíba em homenagem ao centenário da Revolução de 1817. Contudo, não há registro de que esse trabalho tenha sido apresentado ou discutido. Não há mesmo nenhum registro por escrito dessa apresentação.

Padre Heliodoro Pires é patrono da Cadeira 4 do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba (IHGP). Ele é autor de ‘Padre Inácio Rolim’, cuja primeira edição foi publicada em 1971, em Fortaleza (CE). Em 1991, foi editada uma segunda edição atualizada pelo historiador Deusdedit de Vasconcelos Leitão.

Outros trabalhos jornalísticos e literários de Padre Heliodoro foram escritos com os seguintes títulos: ‘Nos Caminhos do Nazareno’, 1923; ‘No Sorriso das Almas’, 1925; ‘A Pedagogia na Áustria e a Obra Admirável de Oto Glockel’, 1933; ‘A Poesia na Igreja do Ocidente’, 1934; ‘As Educadoras Beneméritas da Colina de Santana’, 1934; ‘A Paisagem Espiritual do Brasil no Século XVIII’, 1937; ‘Nas Galerias da Arte e da História’, 1944; ‘Cenas e Perfis dos Legendários Cristãos Pilatos, Verônica e Plautila’, 1958; ‘O Aleijadinho’, 1942; ‘Mestre Aleijadinho: Vida e Obra de Antônio Francisco Lisboa’, 1961; e ‘Temas da História Eclesiástica no Brasil’.

Parte da vida de Padre Heliodoro ainda é tema polêmico para diversos historiadores. Coriolano de Medeiros, por exemplo, não cita a data da sua morte nem o local. E há quem afirme – embora nem o IHGP tenha provas desses originais em seus arquivos – que ele tenha iniciado estudos sobre o povo umbu, uma tribo nômade que se fixou nos confins dos sertões paraibanos e cearenses, provavelmente expulsa para as fronteiras do Brasil com o Paraguai e a Argentina, por levas migratórias oriundas do Maranhão e Piauí, nos séculos XIII e XIV.

O jornal A Cruz, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, em 7 de fevereiro de 1954, registra em uma nota: “Escrevendo ‘Temas de História Eclesiástica do Brasil’, o Padre Heliodoro Pires fez um caloroso apelo à Prefeitura de Cajazeiras, na Paraíba, no sentido de promover a publicação de uma biografia completa do grande missionário nordestino, o Padre Inácio de Souza Rolim”. A nota continua: “No seu dramático apelo, o mencionado sacerdote cita: ‘Quando a Prefeitura de Cajazeiras pagará essa dívida?’.

Preliminarmente, o venerando tonsurado não faz referências à divulgação de um ótimo livro intitulado ‘Padre-Mestre Inácio Rolim’, impresso na Tipografia Literária Gadelha e lançado em Fortaleza, no ano de 1916”.

“No referido trabalho, prefaciado pelo saudoso Barão de Studart, estão anotadas as principais fases da vida do fundador de Cajazeiras e da penetração das bandeiras pelos sertões paraibanos. Estamos de pleno acordo e ratificamos o ótimo apelo formulado pelo venerando sacerdote. Todavia, temos uma sugestão a fazer: a Prefeitura de Cajazeiras poderia confiar à missão ao próprio autor do‘Padre-Mestre Inácio Rolim’, que é paraibano,historiador, homem de cultura e de saber”.

A nota finaliza: “Ampliando e retificando alguns trechos da dita monografia, o Padre Heliodoro Pires é o mais credenciado para levar avante a consagradora homenagem ao grande soldado de Cristo dos sertões nordestinos e do Brasil”.

COM INFORMAÇÕES DO JORNAL A UNIÃO

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