O ágio

Na época em que o Cine Teatro Éden, de Carlos Paulino, anunciava os grandes filmes, como: Ben Hur, Os Dez Mandamentos, Barrabás, El Cid e tantos outros, era grande a procura pelos ingressos para estes clássicos e longas filas se formavam na calçada do cinema.

Os filmes épicos, de longa metragem, despertavam grande expectativa e faziam com que as pessoas levassem para o cinema lanches, água, almofadas, lençol (pra chorar)… Um verdadeiro piquenique!

Sabendo disso, o Penetra Boca de Véia adquiria uma certa quantidade de bilhetes, no dia anterior, com o propósito de revendê-los. À noite da estreia, muito cedo, chegava ao cinema e, sem testemunhas por perto, entupia o cadeado do portão de entrada com palitos.

As pessoas chegam, as horas passam, a fila aumenta…

Enquanto isso, se encontram Carlos Paulino, Manuel Paulo e os porteiros – Ageu e Mudo – tentando abrir o cadeado, desesperados.

A fila dando volta na Praça João Pessoa e os ingressos que o Penetra já revendia com um bom lucro sendo cada vez mais pleiteados.

O Penetra Boca de Véia costumava dizer que foi daí que surgiu a palavra ágio…

DO LIVRO ‘OS PENETRAS’, DE JOSÉ MIGUEL LEITE JÚNIOR

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
Total
0
Share