[1999] Patrimônio histórico de Cajazeiras continua sendo destruído

O patrimônio artístico e histórico de Cajazeiras não tem nenhuma proteção. Aos poucos, a cidade vai perdendo os prédios que se identificam com a sua história, e que são reformados e até destruídos, em nome do progresso e da modernidade. Infelizmente, não há ainda, em Cajazeiras, nenhuma política de conscientização ou até mesmo, uma lei de preservação das edificações que retratam a vida da cidade, conhecida tradicionalmente como a terra da cultura.

O pior de tudo isso, é que o próprio Poder Público do Município, que deveria se preocupar com a preservação do patrimônio histórico de Cajazeiras, se encarrega de destruí-lo, dando assim, um péssimo exemplo para quem não tem nenhum compromisso em manter viva a arte e a história da cidade.

Se não bastasse a ação de particulares, que na maioria das vezes, destrói prédios antigos, a Prefeitura Municipal, ultimamente, cometeu dois crimes contra o patrimônio da cidade. O primeiro foi ainda, na gestão anterior, quando determinou a derrubada da histórica casa, onde morou o professor Crispim Coelho, localizada no terreno hoje pertencente ao CAIC. O outro aconteceu no início da atual administração, e foi a doação do prédio que serviu de residência para o chefe da antiga Estação Ferroviária de Cajazeiras, para o Ministério do Trabalho construir sua sede na cidade. Os governantes, lamentavelmente, ainda não conseguiram entender que é possível construir sem destruir, que é possível conciliar a preservação do patrimônio histórico com o progresso.

IPHAEP poderá atuar na cidade

Para o professor universitário e historiador, Chagas Amaro, há uma necessidade em Cajazeiras, da retomada de uma consciência, por parte de todos os segmentos culturais e sociais da cidade para salvar o que ainda resta do patrimônio histórico. Na sua opinião, o movimento poderia forçar a criação de uma lei de preservação dos prédios antigos e a realização de convênios com órgãos de defesa do patrimônio, a exemplo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba.

O professor Chagas Amaro, disse que, por sugestão do jornalista Nonato Guedes, fez um contato recentemente, com o Dr. Ruy Leitão, presidente do IPHAEP, visando definir uma reunião, em Cajazeiras, para discutir a possibilidade do Instituto estender seu raio de ação pelo interior do Estado. Segundo Chagas, ainda não foi possível realizar o encontro, mas os entendimentos serão retomados nos próximos dias, para a definição da data.

Ele afirmou que é possível a atuação do IPHAEP, em Cajazeiras, desde que haja interesse por parte das lideranças municipais.

Sobre a ameaça que vive a casa que pertenceu ao ex-prefeito e ex-senador Otacílio Jurema, um dos maiores benfeitores de Cajazeiras, o historiador Chagas Amaro, revelou que tomou conhecimento da decisão dos atuais proprietários, em vendê-la. Chagas sugeriu que a atual administração compre a casa para restaurá-la, dando-lhe, em seguida, uma destinação histórica. “Já que a Prefeitura pretende se desfazer do Palácio do Cocodé, seria interessante que, com o dinheiro do prédio não concluído, comprasse a casa de Otacílio Jurema”, declarou Chagas Amaro, acrescentando que a Câmara Municipal, que leva o nome do ex-prefeito, não se negaria a apoiar tal decisão.

GAZETA DO ALTO PIRANHAS – ANO I – Nº 2 – 10 A 16/01/1999

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