A arte do pintor cajazeirense Carlos Cardoso em São Paulo

Cajazeiras sempre fez a diferença entre as cidades do sertão paraibano, quando o assunto é a produção artística cultural. Porém entre todas as linguagens da arte desenvolvidas na cidade, as artes plásticas e os seus agentes executores – os artistas, não tiveram o reconhecimento pública, por exemplo, como teve a dramaturgia e a música.

Mas isso não quer dizer que os motivos do não aparecimento da produção dessa linguagem, e da mesma não ter ofertado a cidade um volume de artistas, como ofertou o teatro, a musica e o cinema; tenha sido a causa da escassez de talentos nas artes visuais de Cajazeiras. Um argumento que cai por terra quando se vislumbra a produção de Mardem Rolim, Natércia Marques, Telma Cartaxo, Modesto Maciel, Marcus Pé, João Braz e Carlos Cardozo.

O problema é que as artes plásticas por ser uma linguagem menos popular do que o teatro e cinema e por se reservar ao interior das galerias e salões, não chegam facilmente ao público como as demais linguagens.  Entretanto, no caso de Cajazeiras as artes visuais sempre estiveram presentes como umas de suas manifestações mais autênticas de sua cultura.

É evidente que foi a partir de 1987, com realização do Salão Oficial de Arte Contemporânea e pouco mais tarde, com a criação do Atelier do NEC/UFPB e as sucessivas exposições realizadas por esse; que as artes plásticas cajazeirense começaram a aparecer na produção paraibana e como reconhecimento, passou ter mais espaço nas páginas dos jornais de maior circulação no Estado.

Mais isso é outra história que eu não quero estender, pois o que importa é que a cidade, com sua energia e atmosfera cósmica para arte, revelou e continua revelando e exportando talentos nessa linguagem. Uma prova disso é o Artista Plástico Carlos Cardozo.

Nascido em Cajazeiras, filho de um torneiro mecânico de umas das usinas de algodão que existia na cidade, Cardozo com oito anos de idade já dava os primeiro passo no desenho. Apegado às formas, o garoto observava as coisas, desenhava animas, paisagens e encarava as cores como alimento de suas criações primárias. Sobre as cores nesse período, o artista costuma dizer que: “dava vontade de comer”.

Em 1970, cinco anos após a morte de sua mãe Carlos Cardozo, depois de um longo período de recluso e falta de interesse pelo desenho, volta a desenhar, motivado pelo seu irmão que desenha também. Mas uma decisão em 1972, faz mudar tudo em sua vida, ele deixa a cidade de Cajazeiras ruma a São Paulo, seguindo o trajeto de seu irmão, que há dois anos já residia naquela cidade. Sua primeira moradia na “paulicéia desvairada” foi numa pensão na Rua Amaral Gurgel, no centro, numa localidade boêmia em que existe muitas boates. A chamada “boca do lixo”.

Em São Paulo, trabalhou como entregador de roupas, bancário e digitador. Atividade que não tirou o gosto pela arte, pois sempre achava um tempinho para se dedicar ao desenho. Em 1974 foi morar no Rio de Janeiro. No Rio começou a frequentar cursos livres de pintura na escola de Belas Artes, três meses depois, já estava participando de exposições coletivas em locais como Palácio de Cristal em Petrópolis e em Hotéis da Zona Sul.

Empolgado com a produção que realizava e achando que poderia viver só da arte, saiu de um emprego que exercia na área de computação, para se dedicar só a pintura de quadros. Porém, diante de situações adversas que o mundo da arte proporciona, principalmente aos artistas em inicio de carreira, volta em 1976 para São Paulo e vai morar numa travessa na Rua Augusta e passa a frequentar as Galerias de Artes da região. Nesse mesmo período, Carlos Cardozo passa a levar seus quadros para a cidade de Embu das Artes, uma maneira encontrada de divulgação do seu trabalho.

No ano de 1978, Cardoso se encontrava numa agência de empregos, com vários quadros debaixo do braço, aguardando ser entrevistado para vaga de digitador, na cidade de Brasília. Ao ser chamado, o entrevistador, vendo os seus trabalhos de arte, nem fez entrevista, preencheu o verso de um cartão de visitas, com algumas recomendações ao seu amigo, que era o dono de uma Agência de Propaganda e pediu que fosse no dia seguinte se apresentar a esse amigo. Esse foi o seu primeiro serviço em que se sentiu feliz. Estava colocando em prática o que mais gostava: desenhar, criar e pintar, ganhando dinheiro. Tornou-se ilustrador, trabalhando em várias agências conceituadas de São Paulo e Salvador. Carlos Cardozo ganhou vários prêmios com ilustrador.

Depois de dois casamentos, o pintor cajazeirense, em 1992, decide morar com a sua família no Nordeste, na cidade de Recife, onde passou a trabalhou em agências de propaganda, ficando um ano. Entretanto por problemas de adaptação, o pintor volta em 1994 a São Paulo, onde até hoje se dedica exclusivamente a pintura.

Mais experiente e recuperado dos problemas renais que lhe incomodava, o artista já participou de exposições em locais importante da cidade de Osasco, como as de 2003 – no Osasco Plaza Shopping; 2004 e 2007, no Clube ACM e no Teatro Municipal de Osasco. Carlos Cardozo é um artista completo, pois é escultor, desenhista, pintor e caricaturista. Seu trabalho é um resultado de dedicação, perseverança e experimentalismo estético. Atitudes comuns em artistas comprometidos com a sua arte e com o prazer que esse lhe proporciona.

COM INFORMAÇÕES DO BLOG CAJAZEIRAS DE AMOR

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