Essa frase foi pronunciada, sob aplausos, por Ulysses Guimarães na oportunidade em que promulgava a nova Constituição brasileira, em 05 de outubro de 1988. Certamente ele nunca poderia imaginar que, menos de trinta e cinco anos depois, lideranças de destaque no nosso cenário político fizessem apologia à tortura, reivindicassem a reedição do AI-5 e articulassem movimentos golpistas, recusando a democracia.
“Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Quanto a ela discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca”, completava no seu histórico discurso. Naquele ano havia um ambiente nacional de otimismo. Estávamos saindo do pior período da nossa história republicana, quando vivemos duas décadas de um regime militar que cometeu crimes bárbaros contra os direitos humanos. A “Constituição Cidadã”, como ficou conhecida, foi concebida no processo de redemocratização do país.
A população compartilhava daquele sentimento emocionado do parlamentar que presidiu a Assembléia Nacional Constituinte. Ele falava pela sociedade brasileira. Naquela oportunidade surgia o Brasil democrático, antítese do autoritarismo que foi imposto a poder de baionetas em1964.
Tristemente assistimos políticos que assumem postos de importância na estrutura administrativa da nação, demonstrando que não têm compromisso com princípios democráticos elementares, embora tenham se utilizado da democracia para chegarem ao poder. Mentalidades e práticas oriundas da ditadura continuam infectando a cena política brasileira.
Queremos de volta um Brasil altivo e soberano. Os ameaçadores da nossa liberdade precisam ser rejeitados pela população, porque não apenas flertam com um passado tenebroso, mas, explicitamente, deixam evidenciados o desapreço e o desrespeito à democracia. O Brasil não pode retroceder, nem podemos aceitar qualquer tentativa de esgarçamento do Estado Democrático de Direito. É hora de reagir com firmeza e indignação contra esses arroubos de valentia que objetivam mudar a nossa história, buscando plantar a semente do autoritarismo. DITADURA NUNCA MAIS.
