Quem diz o que quer, ouve o que não quer

O dramaturgo e poeta romano Públio Terêncio, afirmou, dois séculos antes de Cristo, que: “quem diz o que quer, ouve o que não quer”. Portanto, esse é um ensinamento que a sabedoria popular vem reproduzindo ao longo do tempo, embora muitos não atentem para essa verdade. Principalmente aqueles que não assumem a responsabilidade das suas manifestações de opinião. Esquecem que a comunicação é uma via de mão dupla.

O ministro Alexandre de Moraes foi enfático ao defender o sistema eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas, causando uma situação de incômodo para o presidente da república presente ao ato, que vem insistentemente questionando, sem provas, a idoneidade do atual processo aplicado nas eleições em nosso país. Era tudo o que o primeiro mandatário da Nação não queria ouvir, principalmente da forma tão pública e solene como ocorreu.

O mais constrangedor para o presidente foi testemunhar a maneira como as declarações do ministro foram recebidas pelas autoridades que compareceram à cerimônia de posse da presidencia do TSE, sendo por diversas vezes ovacionado, em clara manifestação de apoio aos elogios oferecidos ao sistema eleitoral vigente. Foi um pronunciamento que vai ficar na História, pela oportunidade e pela capacidade argumentativa apresentada.

A democracia ontem saiu fortalecida, em razão da vigorosa reação do Ministro e da platéia que lhe ouvia, rebatendo com veemência as infundadas insinuações contra a Justiça Eleitoral brasileira. Foi uma clara demonstração de força do magistrado que presidirá as eleições de outubro próximo. O chefe da Nação terá dificuldades, a partir de então, para continuar atacando as urnas eletrônicas e ameaçando não aceitar o resultado que advirá da apuração dos votos. Afinal de contas, ficou perceptível que todos ali estavam em favor da democracia e reconhecendo a importância das instituições republicanas, com raras exceções.

Os verdadeiros democratas respiraram aliviados após a solenidade de ontem. Percebe-se que as ameaças golpistas não encontrarão respaldo do judiciário brasileiro, nem da sociedade civil organizada, ali muito bem representada.

Espera-se que o presidente tenha aprendido que “quem diz o que quer, ouve o que não quer”. E mais do que isso, a compreensão de que passamos do tempo em que eleições eram ganhas no tapetão. Terá que se curvar ao veredicto das urnas, mesmo que não seja o que lhe agrada. Qualquer que seja o resultado tem que ser acatado democraticamente. A intenção do golpe perdeu força. Ditadura nunca mais.

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