Qual universidade queremos?

A quantas anda a proposta de criação da universidade federal do sertão? Essa questão ganha projeção e ressurge em recorrentes intervalos de tempo, sobretudo, motivados por mudanças na conjuntura política. Após da posse do presidente Lula, sucessivas vezes sou abordada por pessoas, de variadas matizes políticas, me cobrando uma assertiva de quando o governo anunciará a criação desta universidade e, sobretudo, a garantia de que sua administração central estará sediada em Cajazeiras.

Esse assunto, contudo, não passa, na minha avaliação, somente pelo desejo alvoroçado de muitos, de querer a instalação de um equipamento desta natureza, sem as devidas ponderações de seus desdobramentos.

Antes, porém, já registro minha posição, fincada e alicerçada em sólidas convicções de defesa da educação, pública, gratuita, laica e de qualidade, em todos os níveis, como um dever do estado e um direito de todos os cidadãos, independente de localização geográfica, posição social, cor de pele, gênero, credo religioso. A todos defendo o direito a uma educação de qualidade e pública e por isso venho construindo uma trajetória de vida política e cidadã.

Não concordo, assim, com a utilização, – e esta prática é bastante fértil entre nós -, de uma pauta como a criação de novas universidades públicas apenas como moeda de barganha de votos, adoçando discurso de palanques de tantos que fazem dessas propostas bandeiras eleitoreiras e, na sequencia, dão uma robusta “banana” para a defesa dos investimentos públicos na criação, ampliação e melhoria de serviços e equipamentos de educação, saúde, segurança, moradia. Serviços e equipamentos que assegurem a todos os habitantes do país a dignidade que o patamar de desenvolvimento já é capaz de proporcionar.

Outro aspecto que não entra no palco do debate sobre a criação da universidade federal do sertão é a mesquinha ideia da divisão, que não chega, sequer, a imitação da divisão por mitose, como acontece com a ameba, que se reproduz dando origem a duas células-filhas, geneticamente iguais à célula-mãe. O que se propõe é a divisão da hoje Universidade Federal de Campina Grande, que será repartida com o desmembramento. Defesa tosca e mesquinha. Ora, se a intenção é ampliar a oferta do ensino superior gratuito, porque não se constrói a defesa de criação de outra universidade, mantendo a UFCG com sua estrutura atual. Assim, ter-se-ão novos cursos, ampliação de novas ofertas de vagas, o campo de trabalho para a atividade docente, e técnico-administrativa, se fortalece. Sem contar o incremento da pesquisa, da extensão, da produção de novos saberes.

É esta universidade do sertão que defendo e quero. Não um arremedo de instituição, nascido apenas de articulações e maquinações que escondem abjetos interesses eleitoreiros, sem a menor afinidade com a constituição de uma educação pública e de qualidade.

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