O estresse nacional

Desconheço na história nacional um período em que a sociedade brasileira possa ter vivido  tanto estresse quanto a que estamos experimentando agora. Percebe-se uma exaustão emocional provocada por sucessivas crises políticas que afetam o humor coletivo. O que mais assusta a todos é perceber que essas crises são produzidas, principalmente, pelos que estão na elite decisória de poder. A começar pelo presidente da república.

Como se não bastassem tantas irresponsabilidades, estamos sendo obrigados a enfrentar uma crise sanitária mundial, com o nosso país se destacando como o epicentro da pandemia.

O grau de ansiedade que nos tem afligido coloca em risco a estabilidade institucional do país. Estamos sendo impactados por uma sucessão de acontecimentos que fogem ao que se considere como normalidade. Decisões apressadas e improvisadas, declarações estapafúrdias e insensatas das lideranças, conflitos políticos desnecessários e inconsequentes, ameaças de rompimento aos princípios elementares do estado democrático de direito, têm contribuído para que se instale um pânico mental em cada um dos que encaram a vida com responsabilidade cívica.

Uma situação cataclísmica que gera amedrontamento quanto ao futuro.  É cada vez mais flagrante a desorganização social a que estamos sendo submetidos. Tornamo-nos reféns de tensões permanentes. A luz amarela do estado de alerta já foi acesa. Ficamos agora na torcida para que a luz vermelha não seja acesa.

Os sinais do estresse na população já são perfeitamente perceptíveis. Caminhamos a passos largos para um clima de conflagração nacional, onde os padrões de civilidade começam a ser desrespeitados como se fossem algo normal. A intolerância motivando conflitos fratricidas. A violência sendo estimulada irresponsavelmente por agentes públicos. Setores da mídia açulando o ódio e a discórdia.

As forças políticas precisam ser chamadas à responsabilidade, antes que seja tarde. O povo não pode continuar sendo penalizado pelas sandices de alguns dos seus líderes circunstanciais. O acirramento do clima político só pode nos conduzir ao caos, que se aproxima apressadamente. Não podemos permitir, nem compartilhar, das atitudes dos que se dedicam a insuflar as hostilidades. A relação promíscua do poder econômico com o poder político tem ensejado o caminho da desarrumação social que tem nos tirado o sossego.

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