O ensino e os equívocos

Eu sempre dei um valor que se possa achar exagerado mas eu pessoalmente acho merecido à educação, quando eu era muito jovem, não queria fazer as tais tarefas (que hoje chamam de tarefas isso eu nunca fiz que prestasse, fazia às carreiras, pois eu gostava muito mais de brincar e ler do que ficar fazendo os “deveres de casa”, quando nos mudamos para o Rio de Janeiro, na escola onde eu estudava criaram um tal de “estudo dirigido”, que era ir à escola pela manhã, fazer, com a orientação de uma professora, Dona Laura, uma das mais exigentes e a que eu menos gostava, e eu cumpria dessa forma com os deveres de casa. A isso hoje se chama ensino em horário integral. Esse tempo, me deu um sentido de disciplina e responsabilidade, que me pôs à frente de outros colegas, que quando eu lá cheguei eram mais adiantados.

Voltando a Cajazeiras, aquele tempo que eu passava na sala de estudo eu por mim mesmo, me organizei da seguinte forma: somente saia para as peladas depois de completados os deveres de casa, como se dizia então (era um péssimo peladeiro). Provavelmente, eu que tenho uma aversão natural ao estudo de coisas que eu não gosto, operou em mim um sentido de desafiar o desagradável, e a matéria que eu menos gostava que era a matemática, é hoje meu instrumento de trabalho, visto que eu hoje sou engenheiro, e até descobri uma coisa de que eu aprendi a gostar, o Cálculo, que quando eu estou meio estressado, tento resolver algum problema e me alivia o estresse.

No final ensino fundamental, eu, um privilegiado duas vezes, tive uma experiência que mudaria mina vida, fui fazer um intercâmbio estudantil nos Estados Unidos, e lá, além de descobrir como era viver no primeiro mundo, arrumei uma definição da minha cidadezinha dos EUA, como “uma Cajazeiras sem os pobres”, há algo de verdade nisso, Blue Hill tinha 1.200 habitantes e até casa com jogo de boliche tinha, enquanto aqui somente há poucos anos apareceu uma a menos da metade do tamanho (a de lá tinha oito pistas, a de cá, três), e novamente o encontro com meu velho conhecido estudo em tempo integral; haviam uns lá chamados “study hall”, onde os alunos sob supervisão faziam suas tarefas, e estudavam para as provas. Mesmo sendo estrangeiro, eu era um aluno mediano lá na Matriz, e numa prova sobre a Segunda Guerra Mundial, eu tirei o único dez da turma.

Aqui, eu já depois da faculdade, comecei a seguir bem de perto em termos de política, Leonel Brizola e o seu partido o PDT, não porque eu acreditasse nas ideias caudilhescas do líder gaúcho, mas por causa de um projeto seu, o CIEP, que, que era justamente uma versão topicalizada do ensino em tempo integral que eu sou oriundo; não a ideologia do Socialismo Moreno, mas a pedagogia de um Darcy Ribeiro, e do melhor de todos, Cristovam Buarque, que numa dessas infelicidades da democracia, lhe negaram os votos necessários por duas vezes, tanto para presidente, quanto para senador, na última eleição. Ou seja, para o povão, saúde dá voto, educação não. Pensando de forma contrária, a Coréia do Sul se elevou de país satélite a potência econômica regional, e só não é mundial porque sua limitada geografia não permite.

Aqui, a educação virou como que uma ameaça ao progresso, e infelizmente os Darcy Ribeiro e os Cristovam Buarque, foram substituídos por gente que vê o mundo de forma maniqueísta, e de ambos os lados, tanto esquerda como direita.

Ontem, como que ostentado minha medalha de Acadêmico, fui fazer companhia a duas colegas de Academia, e vi uma manifestação a favor da educação que achei interessante: Os colégios de Cajazeiras mostrando seus trabalhos. Simples, discreta e elogiável manifestação, em tudo diferente das coisas esdrúxulas, sem as cenas de nudismo, atentados à fé, e as cenas homoeróticas, e outras coisas nojentas que infelizmente nossa dita “esquerda”, anda mostrando ao país.

Uma pequena luz no fim do túnel, e se encarada de modo consequente, com a ajuda extra do ensino em tempo integral, poderia, a longo prazo, e no meu parco entender, é a única forma, de tirar o nosso país continente do “sono dos séculos” onde está atolado há cinco séculos.

P.S.: – Dedico essas linhas a uma grande professora, daquelas que souberam honrar a mais importante das profissões, em que na Suécia, são os únicos profissionais que não se curvam ante o Rei daquele país (mesmo o Rei teve um professor), Dona Lindalva Claudino, que ademais foi mãe de dois amigos, Normando (meu colega de Col. Estadual) e João Vianney. Essa, além de outras pessoas valorosas, que exercem o magistério, dignificou o nosso nome de Terra que ensinou a Paraíba a ler…

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