Meu reencontro com Deus

Tudo na vida tem um propósito. Porém a gente não se preocupa em reconhecer essa verdade. Não oferecemos relevância a essa constatação. Nasci numa família católica. Na minha infância e adolescência fui “coroinha” e seminarista. Ao tempo em que me tornava adulto, fui me afastando de Deus, cedendo às tentações da vida mundana. Minha vida religiosa passou a ser protocolar, com participação em eventos sociais. As orações aconteciam esporadicamente nos instantes de aflição, nunca como hábito de agradecimento. Através de minhas filhas evangélicas fui me reaproximando de Deus e a “obra” agora se completou.

Chegando à setima década de minha existência, Deus decidiu me chamar a atenção para a compreensão de que Ele é o DONO da minha vida. Recebi a confirmação de que estava infectado pela Covid 19. Minhas filhas, minha esposa, em decisão tomada com familiares e amigos próximos, entenderam que se fazia necessária minha urgente e imediata hospitalização.

Nas primeiras horas de internamento, fui colocado num espaço chamado de área laranja. Foi uma situação bastante incômoda: uma maca desconfortável, grande movimento de chegada de doentes, o que provocava barulho e dificultava adormecer. Tenho vergonha hoje por ter reclamado daquela situação. Às duas da madrugada fui transferido para um apartamento da Unimed. Foi o momento em que comecei a refletir. Tinha que agradecer a Deus pelo fato de ter um tratamento diferenciado, beneficiado por um plano de saúde. Aí me lembrei: quantos milhares de brasileiros estavam sofrendo nos corredores de atendimento do SUS. E tudo seria muito pior se não existisse o Sus. Eu não podia reclamar. A partir de então deveria só agradecer.

Por um.dever de justiça faço questão de registrar os nomes de quatro gestores publicos que corajosamente enfrentaram com responsabilidade a pandemia em.nosso estado. Não fossem eles a tragédia teria sido muito maior. O governador João Azevedo, o prefeito Luciano Cartaxo, e os secretários Geraldo Medeiros e Adalberto Fulgêncio.

Meus filhos, familiares e amigos, dobraram joelhos pedindo a intercessão divina para a minha cura. Essa corrente de orações começou a oferecer resultados. O espírito de religiosidade preponderou em meu favor.

Foram doze dias de internamento, isolado num quarto de hospital, tendo como acompanhante uma cuidadora contratada, um anjo da guarda. Refleti muito durante esse período. Avaliei os erros e equívocos que cometi na vida. Pedi perdão. Senti efetivamente a presença de Deus naquele ambiente e me encorajei a enfrentar o vírus. Conversei com Ele como nunca havia feito antes. E Ele me ouvia atentamente.

Agora estou dando continuidade ao tratamento em casa. Mas meu depoimento é no sentido de afirmar que me tornei um “novo homem”. Até o fim dos meus dias estarei honrando e glorificando o Seu nome. Ele resolveu me dar uma nova oportunidade na vida.

Não posso deixar de registrar a competência e solidariedade humana dos profissionais de saúde da Unimed. Aliás todos os colaboradores daquele hospital. Mostravam-se solicitos e dedicados. Aos diretores também os meus agradecimentos.

Agradecendo primeiramente a Ele, estendo essa gratidão a todos que se preocuparam em rogar por mim. Sei o quanto esse testemunho deixará minhas filhas felizes. O Ser Supremo me fez compreender que a Ele devemos tudo. A Cecília, que também estava doente, a. minha mais sincera manifestação de amor. Seu desvelo em me atender em tudo o que preciso é algo enternecedor.

O reencontro com Deus chegou e estou exultando com isso. Espero que essas reflexões alcancem as mentes de quantos estejam me lendo.

Amém.

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