Lições de Tania Bacelar

Governadores nordestinos fizeram, semana passada em João Pessoa, a primeira reunião do Consórcio Nordeste, presidido por João Azevedo. Os nove governantes estão afinados com as diretrizes gerais do governo Lula, respeitadas as divergências partidárias, como no caso de Raquel Lira. É brutal o contraste nas relações federativas, quando comparado com a gestão Bolsonaro. Melhor para todos, brasileiros e nordestinos. Por quê? Porque tornou possível enxergar com clareza o verdadeiro papel do Nordeste na economia e na política nacionais, agora inserido numa agenda positiva. Nossa região é parte da solução dos problemas brasileiros. Não pode ser tratado como área de pobreza carente de transferências sociais de renda. Esse estigma foi alimentado pela histórica ignorância preconceituosa das elites empresariais e intelectuais do Sul e Sudeste, ao interpretar o Brasil profundo.

Hoje a realidade é outra, muito diferente.

Tania Bacelar captou bem o sentido da mudança. Por isso explicou aos governadores as teses que, aliás, começou a defender há 20 anos, quando presidiu o Grupo de Trabalho, instituído por Lula para cuidar da recriação da Sudene, extinta por Fernando Henrique. Naquela época, o formato que sugeriu para a Sudene era diferente do modelo imaginado e posto em prática por Celso Furtado. Ora, o Nordeste havia mudado, exigindo intervenções criativas com projetos e instrumentos inovadores para combater as desigualdades econômicas e sociais. Mas a nova Sudene não vingou. Os governadores sentiram-se ameaçados em seus poderes e, ao invés do debate para aperfeiçoar a proposta de Tania, enterraram-na em conchavos de gabinete.

Hoje a situação é favorável ao Nordeste.

Bem melhor. Os caminhos para o desenvolvimento inclusivo estão nas potencialidades criadas com a interiorização do ensino superior, na educação e complexos de saúde, nos núcleos avançados de tecnologia, no moderno centro automotivo de Goiana, no aproveitamento da riqueza do bioma caatinga e da água do Rio São Francisco. Sol e praia turístico convivem, agora, com vento e sol da nova matriz energética. A seca, com seus efeitos perversos, virou literatura e história. Os problemas do Nordeste passam a integrar o elenco de desafios de cunho nacional.

Tania Bacelar mostra isso com a clareza dos sábios. E aponta um diferencial: os governadores do Nordeste realizaram o equilíbrio financeiro de seus estados. O que não fez o Brasil nem São Paulo nem o Rio nem o Rio Grande do Sul.

P S – Entrevista de Tania a Luís Torres/TV Arapuan está no You Tube.

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