Dia do Médico

“Honra os médicos por seus serviços, pois também o médico foi criado por Deus.” Ecle38-1

Hoje é meu dia conforme o que está escrito na folhinha, e não venho buscar agradecimentos pelas coisas que realizei; abrirei mão de algo que queiram me pagar e não me empolgarei com os eventuais apertos de mãos.

Sendo o médico, um santo, quase um Deus, não aceitarei as palmas que são próprias de cantores e atores; porém vos pergunto: haverá obra maior que se aproxime de Deus amassando na grande manhã, o corpo do primeiro homem?

Não, porém hoje estou aqui para lhes pedir perdão.

Perdão por verbas desviadas, principalmente em épocas de campanhas e assim deixando que a tristeza se torne permanente em lares, onde a patologia seria facilmente resolvida, e ainda nos culpam.

Perdão por não ter a força suficiente para resolver problemas simples e básicos da saúde e assim morrem crianças pela desnutrição e viroses, deixando claro que o choro dos menos afortunados não chega aos ouvidos dos governantes.

Perdão pelo cinismo de tantos que com isso expõem a miséria alheia ao relento, marcando consultas pela madrugada, com exames que chegam após o óbito.

Perdão pela falta imperdoável de simples medicamentos nas farmácias básicas e com isso aumentam as sepulturas cavadas, ou levam pacientes a viverem vidas sem vidas.

Perdão por nossas lágrimas que se perdem nos ambulatórios da vida, onde o sentimento de amor ao próximo se tornou apenas uma pequena frase no painel Hipocrático.

Perdão pela tristeza sentida, pela perda de alguém que tentou procurar nos braços da medicina um pouco de vida e encontrou funcionários e médicos moldados aos baixos salários, também em luta para sobreviverem.

Perdão por muitos de nós termos se encantados com os cifrões, e esquecerem que na realidade somos um pouco do Divino na esperança dos que sofrem e vivem por força da fé.

Perdão por tudo de mau que a terra escondeu nos erros médicos, que hoje, pela forma do grito da ausência são levados a justiça médica e punidos, pois os glorificados do amor, a arte continua a desejar a vida persistente, em vez de um triste jaz e nada mais.

Perdão por ter enfrentado as lutas políticas com a finalidade de melhorar algo que permanece podre, por ter sacrificado um pouco do meu cansaço, sem resultado obtido.

Perdão pelo choro que incomoda ecoado da preferia, onde jovens dormem sem alimentos básicos, e se sepultam em vida pela apatia dos políticos.

Por fim perdão pelos bons, maus, competentes, incompetentes, ricos e pobres de espírito que enfrentaram a medicina de forma heroica ou não, trazendo riso em vez de tristeza; consolo em vez de dor e afago em vez de desprezo.

Quero que aceitem este oráculo de perdão como se fosse um poema que se por acaso o enternece, ama teu médico através da vida e lembra-te dele numa prece.

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