A música clássica

O que chamamos de “música clássica” ou “música erudita” teve sua origem nas tradições da música sacra cristã ocidental, desde o século IX, com maior presença a partir da Idade Moderna (entre os séculos XVI e XVIII), período em que se destacaram compositores como Bach, Mozart e Beethoven. O termo erudito provém do latim ‘eruditus’, significando ‘educado’ ou ‘instruído’. Por isso mesmo traz um forte caráter cultural e histórico. Sua execução se faz em formato de sinfonia, ópera ou outros recursos de desenvolvimento musical. Comumente é reproduzida por orquestras ou bandas sinfônicas.

No Brasil, ela foi trazida pelos jesuítas, no Período Colonial, por considerarem sua importância na formação humana. Portanto, era predominantemente sacra. Foram responsáveis, inclusive, pela popularização do teatro musical. Destacou-se como compositor da época, o escritor e dramaturgo luso-brasileiro Antônio José da Silva, conhecido como O Judeu. Com a chegada da Família Real, em 1808, a música clássica brasileira ganhou impulso e prestígio. Tempo em que o padre José Maurício Nunes Garcia se revelou como o primeiro grande compositor brasileiro. Mas foi Régis Duprat, musicólogo brasileiro, que descobriu o documento musical mais antigo já encontrado em nosso país, uma obra setecentista com texto em vernáculo. Tratava-se de um Recitativo e ária datado de 1759, com autor desconhecido. A descoberta foi feita na Bahia.

Um dos que são considerados os primeiros grandes músicos da história da música erudita brasileira foi Ignácio Parreiras Neves, mineiro de Ouro Preto, nascido em 1730. Era compositor, cantor e regente. Sua obra foi quase toda perdida, restando apenas Credo, Ladainha e Oratória ao Menino Deus para a Noite de Natal, de 1789. Posteriormente, o compositor e diplomata Brasílio Itiberê da Cunha, produziu uma rapsódia para piano, intitulada A Sertaneja, anunciando,assim, o período do nacionalismo musical.

Compositores brasileiros se tornaram conhecidos nacional e internacionalmente: Dom Pedro I, Carlos Gomes, Villa Lobos, Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno, Mozart Camargo Guarnieri, Guerra Peixe e o paraibano José Siqueira. Na atualidade aparecem nomes como: Waldemar Henrique; Gilberto Mendes; Osvaldo Lacerda; Edino Krieger; Edmundo Villani-Côrtes; Jocy de Oliveira; Marlos Nobre e Ernani Aguiar, dentre outros.

A Orquestra Sinfônica da Paraíba, ao longo dos 74 anos de sua história, tem desenvolvido papel importante no enriquecimento sócio-cultural de nosso estado. Um grupo de intelectuais integrantes da Sociedade de Cultura da Paraíba, liderada pelo Professor Afonso Pereira, do qual faziam parte o escritor e jornalista Carlos Romero, o desembargador Paulo Bezerril, e o musicólogo Domingos Ribeiro, idealizou e fundou a OSPB, que viveu uma nova e efervescente fase na gestão do Governador Tarcisio Burity, que também era compositor de música erudita. Foi quando chegou a ser reconhecida como a melhor sinfônica do Brasil. Teve como regentes titulares: Carlos Veiga, Jose Alberto Kaplan e Eleazar de Carvalho.

Há quem considere a música clássica como elitista, como se fosse necessário entender do assunto para apreciá-la. Basta ter sensibilidade. O que falta é oportunidade de se ouvir a música clássica. A Rádio Tabajara vem há anos produzindo um programa que tem alcançado enorme sucesso. O professor Kléber Maux da UFPB, um apaixonado pela música clássica, apresenta semanalmente, no horário compreendido entre as 22 e 24 horas, o Domingo Sinfônico, onde faz uma análise musical comentando sobre o contexto histórico das peças, a vida dos compositores, bem como suas influências e contribuições para com a estética, valorizando intérpretes e regentes. A Tabajara, então, vem abrindo caminho para o erudito ficar mais perto do grande público, procurando inserir essa manifestação artística no gosto musical do paraibano.

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