A lógica do confronto

Tem gente que não sabe conviver num ambiente de paz, nem consigo mesmo, nem com os outros. Algumas pessoas gostam de viver num clima de conflito, agindo sempre na lógica do confronto. Adoram viver num campo de batalha. A hostilidade torna-se postura comum no seu comportamento. Dedicam-se a desencadear ofensivas difamatórias, estabelecendo teorias conspiratórias. Utilizam-se de práticas caluniosas, no intuito de fazer prevalecer suas táticas de promover contendas.

É a necessidade de aparentar força, poder, na sensação de que tudo podem fazer e falar, sem jamais sofrerem qualquer punição. Geralmente são pessoas ricas, bem posicionadas no andar superior da sociedade. Ainda bem que são minoritárias. Um advogado, em uma entrevista concedida nesta semana, classificou essa gente como “lixo perfumado”. É uma analogia perfeita. Para que não se exale o odor fétido e desagradável que possuem, buscam disfarçar as impurezas aplicando-lhe essências perfumadas. Mas continuam sendo lixo.

Abandonam o compromisso com a verdade e com a harmonia entre diferentes, para, pretensamente, se colocarem numa situação em que sejam temidos, mesmo quando atacam verbal e fisicamente autoridades constituídas, na observância da lógica do confronto que os discursos de ódio dos líderes aos quais seguem, vêm sendo intensamente propagados nos anos recentes em nosso país. São fanáticos e agem por impulsos irracionais e selvagens.

Foi o que aconteceu na sexta feira passada em um aeroporto de Roma, na Itália, quando o ministro Alexandre de Moraes, foi afrontado por um grupo familiar de três pessoas, chegando ao cúmulo de promover agressão física a seu filho. Como tem sido muito comum nesses casos, depois da repercussão e percebendo que se meteram em complicações que poderão resultar em severas punições no campo jurídico, apressam-se em emitir notas negando a ocorrência ou procurando minimizar o seu impacto criminoso. Além de tudo, são covardes.

A lógica do confronto é um estilo de fazer política, adotado por lideranças vocacionadas para o autoritarismo, com o objetivo de fomentar o clima de permanente conflito com os que pensam diferente deles, visando demonstrar força e controle da situação para aqueles que os seguem. Interessa a eles, que os espaços políticos em que atuam, estejam divididos entre aliados fiéis e inimigos desprezíveis, manipulando afetos e alimentando uma polarização inflamada.

Eles têm a compreensão de que o resultado do conflito político depende do grau de envolvimento de sua audiência. Quanto mais público se envolver no conflito, mais polarização se estabelece, ajudando a formação de grupos que se posicionarao em favor deles, até por conta de paixões ideológicas. Daí o interesse em trabalhar a ação política obedecendo a lógica do confronto. Isso que foi chamado “lixo perfumado” não se contém e parte para promover espetáculos deprimentes de ataques pessoais a autoridades ou atores políticos que consideram inimigos e nao adversários. Não vencerão. Amargando o gosto ruim da derrota eleitoral que lhes foi imposta, ao continuarem praticando atos antidemocraticos, estúpidos e insensatos, os indivíduos que assim se comportam passaram a ser vistos como “lixo perfumado” e, portanto, sem qualquer valor no campo da civilização. Divergir politicamente é um direito que deve ser respeitado, menos quando é feito na base da brutalidade e das agressões verbais e físicas.

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