A força do comércio

Reunidos na semana passada em Brasília, no Centro Internacional de Convenções do Brasil, representantes do setor do comércio e serviços de todo Brasil durante o Congresso do Sistema Confederativo da Representação Sindical do Comércio e Serviços (Sicomércio) deram o tom da gigantesca articulação, força e politização deste importante estrato da nossa economia no desenvolvimento do país.

Um megaevento promovido pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) que conseguiu mobilizar 34 Federações, mais de mil Sindicatos e 1.300 participantes que debateram ao longo de três dias a contribuição do setor terciário na formação do PIB brasileiro e uma participação mais efetiva na política nacional, ou seja, esse segmento empresarial quer ouvir e ser ouvido em todos os grandes debates que envolvem os rumos do Brasil.

Esse poder de mobilização foi recentemente testado quando o sistema Sesc e Senac foi ameaçado pelo Projeto de Lei de Conversão 09/2023  que previa um de corte de 5% na sua receita líquida que acarretaria o fechamento dessas unidades em mais 100 cidades brasileiras. A reação contra esse projeto não demorou, um abaixo-assinado promovido pela CNC contra o projeto angariou mais de um milhão de adesões em menos de 20 dias que culminou com veto presidencial da nefasta proposta. A força do comércio falou mais alto.

A princípio, como diretor da Fecomércio-PB, fui consciente que iria participar de mais um rotineiro e modorrento dessas centenas de congressos que participei ao longo de minha vida de líder classista. Tomei um susto! Entre os vários temas abordados pelos palestrantes, dois deram o tom demonstrando claramente que o empresariado não quer mais somente pagar imposto, e sim, já está de fato participando vida politica nacional.

A primeira manifestação de mudança de paradigma veio na fala do Ministro do Trabalho, Luís Marinho, quando no arremate das suas utópicas considerações de atingir o pleno emprego no Brasil derrapou ao afirmar que “a democracia estava de volta ao Brasil” uma citação infeliz que gerou um mal-estar viralizado num ensurdecedor burburinho de reprovação numa plateia de mais 1.000 empresários que se sentiram chamados de trouxas. Funcionou! Marinho tergiversou e encerrou a palestra.

A segunda manifestação veio durante a palestra do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso que abordava a atuação daquela instituição para preservação da segurança jurídica no país e do estado democrático de direito. Para quem tem capacidade de discernimento, entende que as recentes e controversas decisões do STF fragmentaram exatamente esses dois pilares da nossa sociedade. A plateia em peso reagiu rindo sarcasticamente acenando negativamente com a cabeça. Sentindo o clima pesado, o atabalhoado Barroso, foi forçado a trocar na hora o tema da palestra.

O educado protesto do politizado empresariado brasileiro surtiu efeito deixando uma lição para autoridades que usam falsas narrativas para impor suas ideias. Os tempos são outros, essas artimanhas não mais funcionam principalmente num setor forte, coeso e determinado a não ser massa de manobra de políticos inescrupulosos.

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