É triste e lamentável que o parlamento nacional, com mais de dois séculos de existência, tenha se transformado num ambiente de baixaria política. Não podemos generalizar, mas o que se vê é o plenário sendo palco de bate bocas estéreis, troca de xingamentos, agressões verbais entre os integrantes do Congresso. A bancada da lacração busca dominar as pautas legislativas, ignorando a necessidade de debater temas de inquestionável relevância para o país.
Temos saudade dos brilhantes pronunciamentos que se caracterizaram como marcos memoráveis de nossa história. O comportamento dos parlamentares da bancada da lacração não condiz com a memória política que tanto nos orgulha. São senadores e deputados reacionários, da extrema direita, negacionistas, radicais, conservadores, líderes religiosos fundamentalistas, proprietários rurais e militares de mentalidade retrógrada, totalmente descomprometidos com as causas que verdadeiramente interessam à nação, adeptos do marketing da lacração.
É também conhecida como a bancada da “live”, preocupada, exclusivamente, em criar vídeos curtos para viralizar nas redes sociais, atendendo às bolhas ideológicas a que pertencem, e se utilizar de estratégias para tumultuar, provocar, ofender, “fazer gracinha” e desestabilizar os outros parlamentares. É o jogo político dos incompetentes e dos inconsequentes.
Nem é preciso citar nomes. O Brasil inteiro já os conhece. A maioria deles é de novatos. Deslumbrados com a projeção alcançada, não encaram a política como coisa séria, a veem como um entretenimento e fonte de enriquecimento. O fisiologismo adotado por eles estimula as chantagens políticas feitas às claras, despudoradamente. Legislam em causa própria. O que antes era conhecida como a “Casa do Povo”, virou o “Teatro da Lacração”. Dá desânimo constatar que o modelo legislativo brasileiro está perdendo sua função nobre. O pior é que não alimentamos muita esperança de voltarmos a ter um Congresso Nacional no nível em que já tivemos no passado. A atuação da bancada parlamentar da lacração assume uma postura antipovo. Alguns cientistas políticos não hesitam em afirmar que esse pessoal concorre para que tenhamos na atualidade o pior Congresso da História. Será que conseguiremos mudar isso nas próximas eleições? Tenho minhas dúvidas.
