Viva o ócio!

Ganhou força recentemente no Brasil uma tendência mundial que promete uma revolução no mundo do trabalho: a implantação da semana de trabalho de 04 dias. Aparentemente de fácil adoção a medida exibe no seu bojo vários desafios entre eles um que consiste em fechar a complexa equação de trabalhar menos sem redução do salário.

O proposito é mais que nobre, pois, reduzir a jornada de trabalho de 44 horas para 32 horas semanais com argumentos irrefutáveis que uma menor carga de trabalho vai combater diretamente o esgotamento profissional gerado pela carga de trabalho, além de representar mais saúde, mais bem-estar, proporcionando uma substancial melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores.

Os benefícios gerados pela essa nova jornada de trabalho não ficam por aí. Um recente estudo do grupo ambiental britânico Plataform aponta que ao adotar uma semana de trabalho para 04 dias o Reino Unido reduziria suas emissões em 20%, ou seja, seriam 127 milhões de toneladas de carbono a menos na atmosfera. Um dia a menos no expediente de trabalho impacta na redução do consumo de energia e nas emissões de carbono produzidas pelos deslocamentos além de estimular novos conceitos sustentáveis no estilo de vida dos trabalhadores. Mas como esses trabalhadores gastam esse dia de ócio? Essa mesma pesquisa mostra que nesse dia as pessoas ficam em casa, evitam deslocamentos dedicando esse tempo livre com hobbies, cuidados pessoais, cuidar dos filhos e tarefas domésticas. Viva o ócio! 

Aprovada no Reino Unido e Portugal, depois de seis meses de testes, a novidade já desembarcou aqui na América do Sul. O Chile saiu na frente reduzindo a jornada de trabalho de 45 para 40 horas semanais enquanto o Brasil iniciou esse mês um experimento coordenado pela comunidade “4-Day Week Global” (quatro dias por semana) para avaliar os impactos para uma possível implantação da semana curta de trabalho mantendo os 100% de produtividade trabalhando apenas 80% da jornada e sem redução de salário.  Nesse apurado estudo, serão avaliados, produtividade, rotatividade, resultados financeiros, estresse, saúde mental e equilíbrio a vida profissional e a vida pessoal.

Se não existe “almoço grátis”, conforme vaticinou o economista norte-americano Milton Friedman, como fechar essa conta de estimular o ócio onde se trabalha menos ganhando o mesmo salario? Seria magica? Magica coisa nenhuma. Países como a Espanha e Escócia que já implantaram esse novo modelo de semana curta de trabalho tiveram de lançar mão de um auxílio governamental por meio de um fundo público para bancar esse custo. Não tem saída, essa conta ou vai para o contribuinte, ou para o consumidor final.  É aguardar pra ver.

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