Ancestralidade de Ivan Bichara (2)

Os laços afetivos e familiares de Ivan Bichara estão vinculados aos remanescentes da família de Francisco Gonçalves Sobreira (major Chiquinho Sobreira ou Seu Chiquinho Sobreira) em cuja residência ele sempre aparecia nas suas idas a Cajazeiras. Que fique, para as novas gerações, presentes e que virão, esse vínculo de Ivan com fatos ligados à nossa terra. Em conversas com ele, pude comprovar o quanto ele valorizava essas ligações familiares e telúricas com os cajazeirenses. Recordava dias vividos na casa de seu Chiquinho, quando tinha oportunidade de reencontrar-se com amigos, parentes a aderentes, como, por exemplo, o Dr. Cristiano Cartaxo. E recordava os quintais arborizados onde gostava de “trocar ideias” com os seus amigos. Somente, mais tarde, é que pude avaliar o quanto essas suas lembranças serviram de cenário para o misto de realidade/ficção que ele nos apresenta no seu romance Carcará.

A propósito, este seu primeiro romance, que em breve surgirá em nova edição, é uma aula de recordação de personagens que povoaram a nossa infância. Surgem ali, ruas, vielas, atalhos e travessas, que se vão tornando personagens vivas do enredo por ele engendrado. E o que dizer de figuras populares de nossa cidade em outros tempos, dos mais humildes aos socialmente mais graduados. A cada página que se lê, temos que parar para revermos figuras que povoaram a nossa infância: Victor e Otacílio Jurema, Celso Matos, Dimas e Francisco Andriola, Joaquim Cartaxo (Marechal), Dr. Hygino Rolim, professores Antônio de Sousa e Hildebrando Leal, Monsenhor Constantino Vieira, Major Epifânio Sobreira, Prefeito Coronel Sabino Gonçalves Rolim, Diomídio Cartaxo (Midu), barbeiro Heliodoro, Dom Moisés e Pe. Gervásio Coelho, major Cornélio Andrade, mestre José Sinfrônio e tantos outros, que se vão misturando com a realidade/ficção que o livro nos oferece.

Como falei, o romance nos proporciona uma boa viagem ao passado, tudo debaixo da sombria ameaça de invasão da cidade pelo facínora Sabino Gomes, um desafeto da polícia local. Que o prezado leitor desfrute, como eu o fiz, dessa volta ao passado que, certamente, lhe servirá de deleite e entretenimento telúrico, sadio e cultural, servindo para que nunca deixe de brilhar a força emocional que o torrão natal nos oferece.