A bunda

O Penetra Cara de C*, na maioria das vezes em que fazia as presepadas, saia-se muito bem, pois era um verdadeiro moleque na concepção da palavra.

Certa vez, viajando para João Pessoa, passando pela cidade de Sousa no ônibus da Viação Andorinha, preparou mais uma das suas.

Existia, na época, entre as cidades de Sousa e Cajazeiras, uma grande rivalidade: ora política, ora econômica, ora social e esportiva. Na verdade, muitos fatos marcantes aconteceram envolvendo as duas cidades.

Exemplo disso tudo era o futebol, em dia de clássico entre as duas equipes das cidades, confronto às vezes disputado no Estádio Higino Pires Ferreira. Realmente, ninguém se entendia, quando o pau cantava no jogo ou minutos antes da partida terminar. Muita gente se envolvia na briga: juiz, jogadores, bandeirinhas e torcedores…

Pois bem. Nessa viagem, lá no interior do ônibus, o Penetra baixa a calça e mostra, pela janela, a bunda feia e branca à Cidade Sorriso, enquanto o veículo trafegava pelas ruas.

Aí perguntaram qual motivo o levava a fazer esse tipo de strip-tease toda vez que passava por Sousa. Seria complexo de bunda? Ou trazia no coração mágoa pela cidade?

“Que nada”, respondeu o Penetra. “Além de me vingar de Sousa, mostro a bunda branca que acho a mais linda do mundo!”.

DO LIVRO ‘OS PENETRAS’, DE JOSÉ MIGUEL LEITE JÚNIOR