Últimos jornais impressos da Paraíba

Existem apenas dois jornais impressos na Paraíba. A União, em João Pessoa, e o Gazeta do Alto Piranhas, de Cajazeiras. Que eu saiba, só esses dois. O primeiro nasceu em 1893, no começo da República, como órgão partidário ligado a seu fundador, Álvaro Machado, que governou a Paraíba, após Floriano Peixoto golpear Deodoro da Fonseca. Portanto, A União chegou colada à oligarquia alvarista, a mais duradoura do estado.

O Gazeta do Alto Piranhas veio muito depois, em 1999, acalentado no sonho do professor José Antônio de Albuquerque. Herdeiro do comerciante Arcanjo Albuquerque, ele optou por comandar uma emissora de Rádio, antes pertencente à diocese de Cajazeiras, no bispado de dom Zacarias Rolim. Mais tarde, fundou o jornal, com uma equipe pioneira: José Antônio, superintendente, Josival Pereira, editor, Christiano Moura, diagramação, Cristina Moura, José Anchieta e Leila Fernandes. E um grupo de colaboradores.

A União era órgão de Partido, como quase todos no Império e na Primeira República. Sem disfarce, com o subtítulo exibido na primeira página. Quando a facção política estava no poder, tudo era fácil. Facílimo! O Gazeta do Alto Piranhas, ao contrário, precisa de muito malabarismo para sobreviver. Rema contra a maré. É verdade que, nesses 23 anos de existência, Zé Antônio viveu momentos de calmaria. Um mecenas lhe soprou vento manso.

Agora, é só procela.

O Gazeta, porém, já está na história. Além dos registros semanais de fatos e faisqueiras políticas, e do cotidiano do alto sertão paraibano, ele remexe nosso passado. Para isso, conta com a própria mania do seu fundador, historiador, de artigos e crônicas históricas de colaboradores. Sem esquecer esclarecedoras entrevistas. Tudo guardado nas páginas amareladas do Gazeta. Pouco importa que, em períodos de campanha eleitoral, leitores afastem-se do jornal, desdenhando os candidatos da preferência de seu dono. Faço justiça a José Antônio. Ele nunca sequer reclamou deste colaborador, às vezes, explícito opositor de seu alinhamento político e partidário. Ao longo de dezoito anos de colaboração ininterrupta, muito atirei em seus candidatos a cargos majoritários e proporcionais. Bom, em 2016, respeitei sua ilusão eleitoral ao postular o cargo de vice-prefeito.

Sobreviverão os dois jornais impressos da Paraíba?

Difícil. Restará a versão online. A tecnologia, com o fato mostrado ao vivo, os transformarão em peça de museu.

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