Monsenhor Abdon Pereira

ABDON PEREIRA

* Pombal (PB), 22/06/1903
+ João Pessoa (PB), 27/08/1991

No dia 22 de junho de 1903, nascia no Sítio pinhões, município de Pombal, Paraíba, Abdon Pereira, que no dia 27 de dezembro de 1926 foi ordenado sacerdote da igreja católica e daí em diante teve uma trajetória de vida marcada pelo trabalho, disciplina, honradez e amor à diocese de Cajazeiras, onde viveu por mais de quarenta anos e serviu fielmente.

Quem foi Monsenhor Abdon?

Abdon Pereira, filho de João Lúcio Pereira e Maria Leopoldina Pereira, nasceu no dia 22 de junho de 1903, no Sítio Pinhões, município de Pombal, Estado da Paraíba. Foi batizado no dia 2 de agosto de 1903, na Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso – Pombal e confirmado em 26 de dezembro de 1910 e sua primeira comunhão, em 7 de setembro de 1913.

Os estudos

Em 1913 iniciou seus estudos na cidade de Pombal, em 1914 no Colégio Leão XIII de Patos e em 1916 e 1917, no tradicional Colégio Diocesano Padre Rolim, na cidade de Cajazeiras. Ingressou no Seminário Provincial da Paraíba em 1º de março de 1918 e cursou no período de 1921 a 1926, no mesmo seminário os cursos de Filosofia e Teologia., e teve suas ordens menores, diaconato e sub-diaconato conferidas por Dom Adauto Aurélio de Miranda Henrique na Catedral da Paraíba.

Vida Sacerdotal

Foi ordenado pelo bispo Dom Moisés Coelho, no dia 27 de dezembro de 1926, na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, Pombal – Paraíba,  onde também realizou sua primeira missa solene, no dia 28 de dezembro de 1926.

Em 09 de fevereiro de 1927 se tornou coadjutor do vigário Pe. Valeriano Pereira de Sousa, cooperador da Paróquia de Patos e Capelão de Malta (paróquia de Pombal).

Cajazeiras recebe Monsenhor Abdon

Monsenhor Abdon começou a trabalhar na sede da Diocese de Cajazeiras no dia 31 de julho de 1928, já como vigário coadjutor da Paróquia de Cajazeiras. De fevereiro de 1929 até dezembro de 1930 foi o vigário de Cajazeiras. Em 1931, capelão das Irmãs Dorotéias.

Novas missões

Como servo, foi convocado para outros trabalhos. Em 1932, foi vigário da Paróquia de Piancó; em 1932, vigário encarregado da Paróquia de Santana dos Garrotes e capelão do Colégio São José (Maristas) e Asilo São Luís da Ponta de Caju, no Rio de Janeiro, em 1933.

Retorno a Cajazeiras

No ano de 1934, retorna à sede da Diocese e se torna secretário e tesoureiro da obra das Vocações Sacerdotais, professor  da Escola Normal Nossa Senhora de Lourdes, Assistente Eclesiástico do Círculo Operário Católico e Secretário do bispado, cuja função exerceu até o ano de 1953. A disponibilidade para o trabalho fez com que assumisse ainda a capelania das Irmãs Dorotéias de 1934 a 1957.

O educador

Quando assumiu, no ano de 1934,  as funções de professor, foi logo em seguida nomeado Inspetor Federal de Ensino Secundário junto aos ginásios Diocesano Padre Rolim e Nossa Senhora de Lourdes, funções que exerceu até o ano de 1968 e neste mesmo ano foi nomeado Inspetor Seccional do Ensino Secundário da Paraíba.

Mas a grande marca de Monsenhor Abdon Pereira, na área educacional, foi como o 1º diretor do recém criado Colégio Estadual de Cajazeiras, função que exerceu do ano de 1962 a 1968. O Colégio Estadual professor Crispim Coelho se constitui numa das mais expressivas vitórias do povo de Cajazeiras, pois até então, quem desejasse cursar o ginásio,  tinha que ir para as escolas particulares. O novo colégio abria as portas para os mais pobres da cidade e de toda região. Com o prestigio que tinha em todos os escalões do Estado, o colégio cresceu rapidamente.

Um sonho nunca realizado

Padim Abdon, como gostava de ser chamado pelos amigos, foi um dos maiores benfeitores da Diocese de Cajazeiras. Poucos foram os sacerdotes que dedicaram com tanto amor e lealdade a sua força, grandeza, trabalho e apostolado em inúmeros momentos da vida de sua diocese.

Esteve por diversas vezes na relação dos que poderiam ser nomeado pela Santa Sé Bispo da Diocese de Cajazeiras, mas morreu sem ter este sonho realizado. Na diocese assumiu todas as funções, menos a de bispo.

Na sua trajetória, em Cajazeiras, foi nomeado Cônego Honorário do Cabido da Arquidiocese da Paraíba, em 25 de junho de 1941 e Camareiro Secreto do Santo Padre Pio XII, em 13 de janeiro de 1948.

Vigário Capitular

Monsenhor Abdon foi Vigário Capitular da Diocese de Cajazeiras por três vezes: a primeira no período 28 de outubro de 1941 a 16 de janeiro de 1944, quando da vacância deixada por Dom João da Mata, que foi durante sete anos um bispo que fez uma verdadeira revolução no território da diocese. Do  dia 25 de agosto de 1948 a 9 de janeiro de 1949,  volta a ser Vigário Capitular, quando da transferência de Dom Henrique Gelain, um Riograndense  do Sul, que passou apenas quatro anos a frente da Diocese, talvez por não se adaptar ao clima da nossa região e ainda uma outra vez, no período de 10 de outubro de 1952 a 26 de julho de 1953, quando Dom Luiz do Amaral Mousinho, que passou três anos em  Cajazeiras, foi transferido.

Os três anos, quatro meses e dezoito dias que Monsenhor Abdon Pereira passou como vigário Capitular da Diocese de Cajazeiras foi um período mais longo do que o de Dom Mousinho como Bispo da Diocese.

Monsenhor Abdon e Dom Zacarias – fraternais amigos

A última vez que assumiu como vigário capitular, passou o cajado da diocese de Cajazeiras a Dom Zacarias Rolim de Moura, que fora nomeado pelo Santo Padre Papa Pio XII, no dia 12 de julho de 1953 e a assumiu no dia 26 de julho do mesmo ano. Monsenhor Abdon e Dom Zacarias administravam juntos a imensa diocese. Monsenhor era um dos grandes conselheiros de Dom Zacarias.

Em 1957, no dia 13 de janeiro, é assinado por Dom Zacarias Rolim de Moura o Decreto de criação da Paróquia de Nossa Senhora Fátima e do primeiro vigário, Monsenhor Abdon Pereira. Pelo mesmo decreto foi nomeado também regente da Paróquia de Cachoeira dos Índios, tendo exercido ambos até o ano de 1961.

No dia 20 de janeiro de 1953,  domingo,  aconteceu a transladação solene da Imagem da Piedade, da Matriz de Fátima para a nova Catedral e no dia 10 de março, posse do primeiro vigário, Mons. Abdon Pereira e no dia 13 de maio, benção e introdução da Imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Quando da constituição da sociedade para criação da Rádio Alto Piranhas, no dia 4 de abril de 1959, se constituindo assim na primeira emissora de rádio do Alto Sertão da Paraíba a ser fundada, além de Dom Zacarias os outros dois sócios eram Monsenhor Abdon Pereira e Monsenhor Vicente Freitas. A Rádio Alto Piranhas, constituída em 1959, só veio a ser inaugurada no dia 1º de julho de 1966, num dia  muito especial para toda a diocese de Cajazeiras.

PY-7-Vfi – a frequência da amizade

Uma das atividades que mais gratificava Monsenhor Abdon Pereira era o radio amadorismo. Tinha amigos espalhados por todo Brasil. Ao mesmo tempo que se sentia bem diante do microfone do seu transmissor/receptor, prestava um enorme serviço ao povo de Cajazeiras, principalmente a partir de 1957, quando se tornou radio amador. O rádio de Monsenhor servia nas horas que mais se precisava: desde uma notícia sobre a saúde de um familiar, até uma encomenda de um medicamento para ser enviado pelos aviões da VARIG, que pousavam em Cajazeiras três vezes por semana. Não havia dificuldade que o rádio de Padim Abdon não resolvesse. E ele varava as noites sertanejas corujando com o seu PY-7-Vfi. Monsenhor tinha o espirito de servir. Servir sempre. E foi por causa desta sua filosofia de vida que ingressou no Rotary Clube de Cajazeiras, uma de suas grandes paixões. E contribuiu de forma incontestável para o engrandecimento deste clube de serviço de Cajazeiras e se constituiu no primeiro sacerdote a ingressar neste clube, após a campanha contrária à criação, feita pela  igreja, quando da sua fundação no ano de 1948.

O retiro do guerreiro

Após mais de quarenta de serviços prestados à Diocese de Cajazeiras, Monsenhor Abdon foi morar na cidade de João Pessoa e continuou trabalhando. Foi nomeado Capelão da Capela Santa Rita – de 1968 a 18 de agosto de 1991, situado no Bairro de Tambauzinho.

Faleceu no dia 27 de agosto de 1991, em João Pessoa e foi sepultado na cidade de Pombal, que lhe serviu de berço e sepultura, na Matriz de Nossa Senhora do Bom sucesso, no dia 28 de agosto de 1991.

O padre Gervásio Fernandes Queiroga, grande amigo e admirador, assim se expressou sobre Monsenhor Abdon: “Cajazeiras que o teve por tantos anos como filho de adoção e exímio servidor, e João Pessoa, onde passou os últimos anos de trabalho e de merecido repouso, unem-se para louvar e agradecer a deus pelo grande Dom da vida de  Mons. Abdon Pereira e exaltam sua memória bendita, aplicando-lhe o que o sábio Sirácide afirma dos ilustres antepassados de Israel:  “façamos o elogio deste homem ilustre…O senhor criou nele glória imensa; sua grandeza, desde a eternidade…Foi honrado por seus conterrâneos e glorificado em vida… Deixou um nome que se proclama com louvores… Suas justas ações não caíram no esquecimento… Seu esquecimento… Seu corpo foi sepultado em paz e seu nome vive através de gerações… A igreja celebra o seu louvor” (Cf. Ecl. 44, 1-15).

Memória preservada

Na cidade de Cajazeiras existem dois marcos pessoais das ações de Monsenhor Abdon: o primeiro é a casa que construiu, na Rua Cel. Peba, esquina com a Tabelião Antonio Holanda, hoje pertencente aos herdeiros de Dantinha Cartaxo e o outro são os seus pertences, cuidadosamente preservados pela sua sobrinha Dorinha Montenegro, residente Travessa Joaquim Costa. Num dos quartos estão a sua cama, o guarda-roupa com várias peças de seu vestuário, uma estante com peças de uso pessoal, uma mesinha com o missal e uma imagem de São José, um rádio e um rádio transmissor/receptor, em cuja frequência – PY-7-Vfi, se comunicava com o Brasil e o mundo.

Memória esquecida

Monsenhor Abdon Pereira foi ao longo de quarenta anos um dos homens que mais contribuiu  para o engrandecimento de Cajazeiras e lamentavelmente não existe uma única rua com o seu nome. Cajazeiras sempre e parece que continuará sendo uma verdadeira madastra com os que a ajudaram e ajudam a construir a sua grandeza. Precisamos resgatar a memória deste ilustre filho adotivo das terras cajazeirenses.

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