Há muito tempo, em Brasília, eu estava vendo numa livraria, e numa estante lá atrás, encontrei um livro que muita gente fala sobre ele, e quase ninguém leu ou dá uma certa repugnância de se ler, era o famoso Mein Kampf (minha luta) do muito satanizado Adolf Hitler, assim, sem prefácio, nem apresentação, e por ser barato, eu fui tapei o nariz e comprei. E eu, apesar de muita gente me dizer que nada eu tinha a ganhar com essa leitura, porém, tive a paciência de ler esse livro maldito, apesar da chatice, fiquei espantado: Lá estava publicado tudo que o maior gênio do mal do século passado iria fazer, com indicações claras que haveria a quebra do Tratado de Versalhes, e que iria exterminar judeus, comunistas e ainda que iria invadir a União Soviética. Então me veio com clareza o porquê dos aliados não terem lido esse livro, então pelo menos os judeus e os russos. Eles certamente se iriam estar preparados para uma invasão dos Nazistas, assim economizando em perdas de vidas humanas, milhões: Ele dizia, cito quase textualmente: “Será nas terras do Czar onde ergueremos a Grande Alemanha” mas parece que ninguém, ou pelo menos seus inimigos, não o estudaram, então se tomariam as decisões necessárias, a invasão da então União Soviética seria neutralizada, com muito menos perdas, tanto de soviéticos, quanto de alemães. O problema foi que ninguém leu. E o resultado a gente já conhece, os maiores genocídios da história, a maior guerra que o mundo já viu, tudo presente num livro escrito em 1923, que não se prestou a atenção necessária.
Então eu tomei a decisão de sempre que houver oportunidade, ver o que as pessoas que a gente não gosta, saber suas opiniões, e depois tirar conclusões mais embasadas sobre até o que não me agrada, em vez de virar a cara e deixar p’rá lá. Acho que já evitei de levar muita cacetada, vendo o que os que a gente não gosta, pensa.
Muito recentemente, assisti uma entrevista com o Deputado Federal Jean Wyllys do PSOL, aquele mesmo que ganhou o Big Brother, há não sei quantos anos atrás, e se declarou ser homoerótico. Eu na época ainda assistia a Rede Globo e torci contra. Bem na entrevista, que eu assisti por acaso, ele me pareceu, apesar da óbvia aversão de minha parte, um sujeito inteligente, preparado e com alguns pontos de vista que coincidem com os meus.
Ele dizia: “Não adianta destituir a Presidente se o restante, tanto da equipe, como também o Legislativo e o Judiciário continuarem pensando e agindo da mesma forma de sempre, o que pode haver é uma grande crise institucional, sem resultados a curto prazo”, Exatamente, o grosso das pessoas com quem converso, acha que destituindo a Presidente (que não é lá essas coisas todas, outra sulista incompetente e convencida) e me lembrei do tempo de Collor, que o país parou literalmente para assistir ao impeachment e a vaca indo p’ro brejo. A sorte é que o vice era Itamar, que se preparou para isso. Agora temos (e temo) o Temer, com todo o PMDB anacrônico e carcomido a reboque. Aquilo somente se foi superado talvez no segundo mandato de Fernando Henrique, inteligente e preparado, mas que hoje o PSDB também está coberto de vícios como o PT, ai entramos da frase famosa de Leonel Brizola: “Escolher entre o cão e o coisa-ruim”.
Infelizmente a nação fica a dever, e de vez em quando a gente acha um ou outro mais lúcido, até nos lugares onde menos se espera. O Deputado ainda disse: “O que se viu em 2013, foram tantos questionamentos, que temos que discuti-los democraticamente, inclusive os temas das minorias ou maiorias”.
Assim como Jair Bolsonaro, diametralmente oposto, mas outro contraponto interessante, o país está a espera de discutir um monte de temas, que ficam banalizados nesse negócio de que derrubar a Presidente vai resolver.. Sempre é bom ter outras versões e ver outros pontos de vista. Não acho que haja saída fácil para a crise, agora esse negócio de impeachment e dessa interminável Operação Lava Jato, tendem a emperrar o país.
